Dan Carlin (2022). Uma História de Extremos. Lisboa: Temas e Debates.
É uma leitura algo inquietante, para estes dias de aparente pós-pandemia e guerra no leste europeu. E não abona muito à leitura o iniciar-se com uma discussão sobre a falácia de tempos duros gerarem homens fortes, tempos prósperos gerarem homens fracos, uma daquelas ideias que sustenta ideologias conservadoras extremistas. Mas estas histórias de extremos levam-nos a refletir nas linhas ténues entre a vida em sociedades estáveis, e os seus colapsos.
Partindo de um podcast, não podemos esperar uma enorme profundidade, que o autor compensa com abrangência. Somos levados ao passado distante, à antiguidade clássica e ao colapso dos seus grandes impérios, da Assíria a Roma, mostrando-nos como as ordens sociais vistas como eternas depressa se podem desmoronar, entre colapsos internos, invasões, pressões sociais ou movimentos externos. Fala também das doenças e epidemias, em capítulos claramente escritos antes da pandemia de covid-19, e da forma como abalam as sociedades. Finaliza com o recordar dos perigos das armas atómicas, olhando para o seu desenvolvimento, lógicas de uso, e as vezes em que estivemos à beira de trocas de mísseis. Capítulos que, nos dias em que a Rússia se escuda nas suas armas atómicas para devastar a Ucrânia, voltam a sentir-se como actuais.