Donny Coates, et al (2020). Guardiões da Galáxia, Vol. 1: O Desafio Final. Panini.
Um sempre divertido mergulho nos mais notórios anti-heróis do universo Marvel, a excelente desculpa da editora para nos brindar com space opera disfarçada como comic de super-heróis. Thanos está morto, mas um vilão da sua titânica (piada óbvia) capacidade não deixaria de estar preparado para tal eventualidade... e no seu testamento, deixa claro que em caso de derrota terminal, encontrou uma forma de transferir a sua consciência para outro corpo. Algo que deixa os principais heróis cósmicos aterrorizados, que partem à caça para abater aquele que lhes parece o melhor candidato para albergar a consciência de Thanos, a sua filha, e ex-membro dos Guardiões. Entretanto, os fiéis seguidores de Thanos conseguem recuperar o seu corpo, e cabeça. No meio disto, o que resta dos guardões originais vê-se metido na confusão, unindo esforços com alguns dos que conhecem o legado de Thanos para salvar a ex-colega e perceber o que realmente se passa. Diversão cheia de humor, ação e vastidões cósmicas, é o que este comic nos dá.
John Wagner, Carlos Ezquerra, Alan Grant, Brian Bolland, Mick McMahon /2021). Essential Judge Dredd: The Apocalypse War. Londres: 2000AD.
A guerra fria tornada quente, de forma ficcional no futurismo distópico de Judge Dredd. Com a cidade a ser tomada por uma febre de guerra entre quarteirões, Dredd depressa se apercebe que algo de sinistro está por detrás do rebentar de loucura violenta. Mas não espera a escala da conspiração: uma forma dos arqui-inimigos de East Meg One enfraquecerem a mega cidade, e, num ataque fulminante, conquistarem Mega City One. Quase são bem sucedidos, com as defesas e forças ofensivas dos Juízes aniquiladas. Mas Dredd e um punhado de resistentes não desiste, combatem os juízes soviéticos em modo de guerrilha, e conseguirão o impensável: infiltrar-se em East Meg One, causando uma detonação que transformará a cidade em crateras radioativas. Uma aventura de Dredd vinda dos anos 80, que sublima muito bem os à época aterrorizantes medos de confronto nuclear entre superpotências, transpondo esse medo para o futuro moldado pela radiação nuclear do mundo das megacidades.
Rober Hickman, Pepe Larraz (2020). X-Men: Dinastia X / Potências de X, Vol. 1. Panini Comics.
Tenho uma relação complicada com as histórias de Hickman. Por um lado, estão cheias de conceitos interessantes, são expansivas e com um certo toque épico. Por outro, o argumentista favorece o hieratismo, grandes pronunciamentos, enormes panoramas, o que os torna algo pesados. House of X/Powers of X foi uma profunda revolução nos clássicos mas nem sempre bem abordados X-Men, em que Hickman pega naquele que foi um dos primeiros inimigos do grupo, a ilha viva de Krakoa, e o transforma num ser sentiente, uma geografia viva que será um porto de abrigo para os mutantes. A natureza única da ilha permite-lhe abrir portais biológicos para qualquer local do planeta, e não só, portais de livre acesso para mutantes mas impeditivos para os humanos. A nova nação mutante impõe-se não pela força, mas pelo isolamento e dádivas para negociação com a humanidade. É o velho sonho de Charles Xavier, de um mundo melhor para todos, conseguido com a união de poderes. Mas será um sonho que perdurará? No futuro, uma união entre humanos e máquinas inteligentes mostra que os sonhos nunca perduram para a eternidade.