quinta-feira, 3 de junho de 2021

Manga: Goddess and I; Le Portrait de Petite Cossette; Knights of Sidonia

 

Akiki Hatsu, Goddess and I.

Bem, como a autora confessa, este é um mangá sobre gatos. Mas para fugir ao padrão, também é um mangá sobre múmias. Não que apareçam muitas na história, que é francamente bucólica. Quando a jovem neta de um famoso egiptólogo, que detesta aquilo que tanto apaixonou o avô, decide tomar conta de um gato recém-nascido que parece demasiado frágil para sobreviver, está na verdade a cuidar de uma encarnação da deusa egípcia Bastet. O que significa que a rapariga que não gosta do antigo Egipto cairá sob a influência de uma divindade benévola, vivendo pequenas aventuras num mundo restrito entre a sua casa e o instituto de egiptologia fundado pelo avô, onde trabalha como arquivista. A história é simples e bucólica, o estilo gráfico muito encantador, um cruzamento algo lírico de art deco com a estética mangá.


Asuka Katsura, Le Portrait de Petite Cossette.

Um jovem artista, que trabalha num antiquário para pagar as contas, encontra um fascinante quadro amaldiçoado, um retrato de uma jovem muito bela. Vê-se envolvido na maldição do quadro, ou melhor, na maldição da jovem que inspirou o quadro, assassinada pelo pintor que a retratou e condenada a ser um espírito para a eternidade. Os objetos que lhe pertenceram, hoje valiosas antiguidades, estão carregados de ódio e levam à loucura e suicídio aqueles que os adquirem. Mas o espírito da jovem é benévolo, apenas quer livrar-se da maldição, e para isso precisa de encontrar alguém que se sacrifique. O jovem artista poderá ser aquele que libertará Cossette da sua maldição. História de terror, tem momentos visualmente góticos muito interessantes.

Tsutomu Nihei, Knights of Sidonia.

Após a destruição da Terra às mãos de uma misteriosa espécie alienígena, os sobreviventes viajam pelo espaço no interior de enormes naves geracionais. A ameaça alienígena não se extinguiu, e as naves precisam de fortes forças de robots pilotados para a sua defesa. Na nave Sidonia, um rapaz que vive nos recantos abandonados é descoberto, e mostra aptidões que depressa o transformam num cadete dos pilotos de defesa da nave. Sempre vi Tsutomu Nihei como um mestre do futurismo arquitetónico sufocante, conheci o seu trabalho em Blame!, onde a paisagem urbana opressiva é omnipresente. Mais dentro do registo pop do mangá com mechas, este Sidonia não deixa de ter essa marca arquitetónica, nas vistas abertas e interiores claustrofóbicos da gigantesca nave geracional.