Podemos aprender com as antevisões passadas sobre o futuro? Podemos ler estes livros em tom jocoso, assinalando onde falharam redondamente. É a forma mais fácil de os interpretar, a que nos tranquiliza, porque a outra forma - lê-los como ideias racionais, postuladas por aqueles que, no seu tempo, extrapolaram o seu momento presente para futuros possíveis, coloca em questão o nosso deslumbramento com o pico cultural e tecnológico do momento presente, e a forma como antevemos a sua evolução. Ou seja, dentro de poucos anos, as nossas visões do futuro irão parecer tão anacrónicas com estas vindas do passado nos parecem.
Este livro colige textos escritos nos anos 70, que tentavam antever como seria o mundo em 1980. Curiosamente, não erraram nas tendências, que sentimos nos dias de hoje - a necessidade de integração europeia, a necessidade de desenvolvimento de novos urbanismos, a aceleração da economia e sociedade, o surgir dos problemas ambientais, e a progressiva integração da tecnologia digital no nosso dia dia.
Ou seja, não previram iphones e internet (os que gostam de futurismos simplistas apontam sempre estas falhas), mas puseram o dedo nas tendências estruturantes, nas forças que modelam o nosso modo de vida, dos quais iPhones e internet são, essencialmente, adereços. Dos ensaios, destaco o de Herman Kahn, dos mais prescientes sobre a forma como o digital iria alterar as nossas vidas. As tendências que apontou nos anos 60, são aquelas que caracterizam a nossa relação com a tecnologia, hoje.