Masato Hisa, Jabberwocky.
Um mangá muito curioso. Lily é uma agente secreta que, numa missão, descobre um dos mais bem escondidos segredos de sempre: os dinossauros não se extinguiram. Evoluíram para seres bípedes que vivem ocultos entre nós. A rapariga é recrutada para uma organização secreta internacional, liderada pelo Conde de Monte Cristo, e junto com o seu parceiro, um dinossauro de uma espécie rara e perseguida, vive as mais estranhas aventuras. Terá de salvar um ovo fabergé roubado aos imperadores russos que, no seu interior, guarda o embrião que garante ao Czar um fiel exército de dinossauros. Investigar os raios da morte que atacam a cidade de Florença, uma arma desenvolvida por cientistas saúrios. Salvar um Mao em bebé que a imperatriz da China, após consultar os seus especialistas em artes divinatórias, manda assassinar usando os seus dragões, por descobrir que este crescerá para ser uma ameaça ao seu império. Salvar o arqueólogo Heinrich Schliemann, que encontrou nas ruínas de Tróia provas que a Tróade se deveu à paixão entre o príncipe humano Páris e a princesa saúria Helena.
Esta bizarra história alternativa com dinossauros é complementada por um estilo gráfico inesperado, muito distante do expectável no mangá. Não é hiper-realista, caricatural ou de estilismo kawaii. Vive de um forte contraste preto e branco, sem nuances, num traço cru mas elegante, por vezes visualmente confuso mas sempre fortemente estilizado. Se a bizarria das histórias me divertiu, já o traço, esse, seduziu-me.
Soichi Moto, Phantom of Battleship Yamato Vol. 1.
Um revisitar do militarismo imperial japonês e do seu símbolo maior, o navio Yamato. No presente, o filho de um milionário que investiga, usando submersíveis, os destroços do lendário navio japonês sofre um acidente num mergulho. Está inconsciente numa cama de hospital, mas na verdade, é transportado como fantasma para o convés do Yamato no dealbar da II guerra. A sua incredulidade é mitigada por perceber que há um marinheiro que é capaz de o ver. O rapaz tem episódios cíclicos de inconsciência, em que vai ao passado, e com isso fica a conhecer o navio, e os seus marinheiros. Entretanto, outra pessoa a bordo do Yamato consegue vê-lo: nada menos que o almirante Yamamoto, que se apercebe que saber informações vindas do futuro pode ser um trunfo na guerra que trava contra os americanos. Este revisitar do mito do navio poderoso que não conseguiu travar a derrota japonesa denota alguma nostalgia pelo passado histórico, um discreto "e se..." que sonha com uma história em que a II guerra tivesse tido um desfecho diferente.
Zenoshin, Products.
Parte de uma premissa clássica de FC: seres humanos criados como clones, para servir os mais endinheirados. Mas estes clones são essencialmente sexdolls de carne e osso, servindo só para satisfazer necessidades sexuais dos seus donos. Um adolescente, socialmente isolado, descobre que tem a estranha capacidade de atrair estes clones, que normalmente são acéfalos. É, por isso e com toda a lógica, assediado por mulheres estonteantes que só desejam relações sexuais, e contratado pelos fabricantes dos clones para estudar a sua estranha capacidade. Uma premissa de ficção científica, desperdiçada numa série de pornografia softcore.