terça-feira, 23 de março de 2021

Network Effect

 

Martha Wells (2020). Network Effect. Nova Iorque: TOR.

Nem sempre a FC tem de ser interventiva ou de especulação profunda, por vezes o que precisamos como leitores é de uma boa aventura. Este livro preenche estas condições, embora assente num excelente mundo ficcional que nos é revelado  sem fricções ou infodumps, vamos reconstruindo-o na nossa mente de leitores seguindo as interações dos personagens. 

A narrativa é pura aventura, saltamos de peripécia em peripécia, acompanhando o robot (cyborg seria um termo mais apropriado)  assassino que, de facto, é uma máquina otimizada para garantir a segurança dos seus clientes, com extremo prejuízo para os que considerar ameaça. A diferença face aos restantes robots do género é que este é um robot livre, não está sob controlo de uma empresa, e trabalha numa zona do espaço colonizado onde as formas de governo são mais humanistas. Deve a sua liberdade à inteligência artificial de uma nave. 

Mas quando esta rapta uma sua cliente, o robot vê-se mergulhado numa curiosa intriga em que uma nave sem memória, desviada por colonos de uma colónia esquecida que se envolveram com artefactos alienígenas, mete em marcha um complexo plano para recuperar a memória e salvar os seus tripulantes. 

O resto é aventura, e muito humor corrosio, uma vez que o Murderbot tem um profundo sentido de ironia negra.  Uma história bem construída, com um ritmo acelerado, que só perde num pormenor estilístico, o uso excessivo de parêntesis para sinalizar os monólogos interiores de um robot assassino com consciência.