quarta-feira, 5 de agosto de 2020

The Last Emperox


John Scalzi (2020). The Last Emprerox. Nova Iorque: TOR.

O final da trilogia é curioso, amargo, e levemente cyberpunk. E suficientemente aberto para continuar a história, se houver interesse nisso. Chegamos ao fim com nada resolvido, um final in media res, numa história que sobre um panorama catastrofista e num mundo ficcional interessante, decorre mais como sucessão de intrigas palacianas. A questão da sobrevivência da humanidade está por resolver, segredos técnicos do passado podem permitir alguma esperança, abre-se uma via para a Terra, e a principal personagem, a tranquila académica levada à posição de imperatriz de um sistema fundamentalmente corrupto, comete o sacrifício final para conseguir abrir caminho à salvação da humanidade (embora não seja tão final quanto isso, porque ganha uma segunda vida como inteligência artificial consciente). Num curioso momento de volte-face, os piores conspiradores parecem conseguir levar a sua avante, mas revelações surpreendentes travam essa vitória.

Mais do que a história em si, Scalzi explora entre narrativa e infodumps as consequências de uma sociedade assente numa falsa meritocracia, uma aristocracia oportunista que se soube perpetuar dividindo entre si monopólios comerciais, e que perante a possibilidade de colapso pensam apenas em salvar a sua pele, e os seus rendimentos. Há um pormenor interessante: a ideia de manipulação genética de produtos agrícolas, com uma espécie de data de extinção, impedindo que haja produção fora da influência de quem detém este monopólio. Um de muitos interessantes pormenores, que enriquece aquela que seria mais uma banal série de space opera sobre intrigas palacianas, senão pela amplitude do seu mundo ficcional, que é mais levemente descrita e intuída do que realmente explorada.