quinta-feira, 9 de abril de 2020
Death Note: Black Edition, Vol. 1
Tsugumi Ohba, Takeshi Obata (2010). Death Note: Black Edition, Vol. 1. S. Francisco: Viz Media.
Quando um shinigami, um semi-deus da morte, se esquece do caderninho preto onde aponta o nome daqueles que morrem no mundo dos humanos, está lançada a receita para uma história muito negra. O caderninho é encontrado por um bom rapaz, daqueles estudantes muito certinhos, que depressa se apercebe do poder de vida ou morte que detém nas mãos. Para provocar a morte de alguém, basta escrever o seu nome enquanto se pensa no seu rosto. Escolher uma forma de morte é opcional, mas eventualmente útil. Decide usá-lo para uma versão distorcida do bem, como instrumento de castigo imediato dos criminosos. No entanto, a morte repentina de muitos condenados, mesmo que por influência sobrenatural, não passa despercebida às autoridades, que colocam um misterioso detetive no encalço do misterioso assassino. O jovem detentor do caderninho da morte depressa descobre que tem de ser muito cuidadoso com as suas ações, e eliminar pessoas inocentes para poder continuar a missão de que se incumbiu. Quanto mais a história progride, mais cego fica perante o paradoxo da maldade do que acredita serem boas ações. Claro que o verdadeiro objetivo do semi-deus é o de se divertir com o impacto que o seu objeto tem no mundo humano, especialmente com as ações que despoleta.
Esta história desenrola-se num ritmo episódico muito marcado. A cada novo capítulo o enredo adensa-se, e o jovem vê-se envolvido numa trama cada vez mais complicada. O sentido de ironia negra é muito forte, sublinhando o paradoxo violento da ideia de que os fins justificam os meios. Sem ser um excelente mangá, simples e pensado para leitores jovens, não deixa de ser uma leitura intrigante, que surpreende pelo seu rigor narrativo e discreto humor tenebroso.