domingo, 16 de setembro de 2018

URL


Text to Image: Este projeto de Chris Valenzuela permite-nos ver imagens geradas por redes neurais a partir das palavras que escrevermos no campo de texto. Claro que tive de lhe atirar com a citação clássica de Lovecraft, para ver que tipo de pesadelo antediluviano iria invocar.

One System, Universal Service?: Uma curta história dos primórdios das telecomunicações, mostrando como estas se desenvolveram das primeiras linhas de telégrafo ao telefone e transmissões de rádio e televisão. Uma história que hoje parece ser um parágrafo na evolução da sociedade da informação, mas à época tinha o dinamismo e ambiente competitivo de cortar à faca em tudo igual ao da bleeding edge das indústrias digitais de hoje.

See No Evil: Uma análise brilhante ao problema das cadeias de fornecimento que sustentam a economia global. É quase impossível traçar as matérias necessárias à fabricação de um produto até à sua origem, graças à intricada teia de relações laborais e comerciais entre milhões de entidades económicas. Um olhar sobre as infraestruturas que sustentam o mundo capitalista. E que permite coisas como esta: "The founder of Chocolonely, Teun (Tony) van de Keuken, founded the company with the goal of making the first (the “lonely only”) chocolate bar produced without labor exploitation. According to the company, this goal actually landed them in legal trouble: Bellissimo, a Swiss chocolatier, sued Chocolonely in 2007, allegedly claiming that “slave-free chocolate is impossible to produce.”



Canada and the United States in 2092: Uma imagem partilhada num grupo facebook sobre cyberpunk (o quê, acham que só frequento as redes sociais para ler os boring status updates dos amigos e partilhar fotos da minha cadela?), cujo original ilustrou uma coluna de opinião de Douglas Coupland sobre um referendo no Canadá. Digam lá se não é o tipo de imagem que desperta logo a imaginação. Tantos cenários what if ali...

Colecção 25 Anos Vertigo 1 - Hellblazer: Na Prisão: Texto de apresentação do primeiro volume da nova coleção da Levoir, dedicada à Vertigo. Diga-se de passagem que com tanto arco narrativo fundamental de Hellblazer escrito por Pete Milligan, escolher uma aventura com argumento de Azzarello parece-me uma decisão editorial estranha... a menos que os direitos de autor dos TPBs dos tempos de Milligan sejam demasiado elevados para a Levoir. O próximo volume da coleção, que irá trazer aos leitores portugueses as elegantes histórias da Morte no universo Sandman por Neil Gaiman, vai valer a pena.


From Beyond: Em homenagem aos 128 anos do nascimento de H.P. Lovecraft, Edgar Pêra partilhou um excerto lovecraftiano do seu filme Cinesapiens. Pessoalmente, estou muito curioso com o trabalho de homenagem a Lovecraft que Pêra está a preparar para o MOTELx.

As 1001 histórias: Descobrir as Mil e Uma Noites é mergulhar num mundo de exotismo orientalista, manchado pelas perceções e preconceitos dos ocidentais que adaptaram estes contos ao gosto europeu. É também mergulhar num dos textos fundamentais da história da literatura, este conjunto de histórias e lendas provenientes de várias épocas, unidas pelo fio condutor dos contos que Sheherazade contava ao sanguinário sultão Sharriar. Pessoalmente, recordo descobrir na infância estes contos maravilhosos, em livros algo carcomidos das edições Romano Torres que encontrei em casa.

Fake America great again: Mais um artigo que questiona o impacto nos sistemas políticos das imagens deepfake. Mesmo com ferramentas capazes de detetar vídeos falsos, o seu potencial disruptivo é avassalador. É, de facto, trivial criar vídeos falsos que apresentem responsáveis políticos a fazer ações ou declarações que nunca fizeram, e a rapidez com que as redes disseminam e discutem a informação garante que não há defesa possível para isto. Basta ver os danos causados por notícias falsas ou memes enviesados, muito menos sofisticados do que vídeos criados por inteligências artificiais, para perceber até que ponto a noção clássica de que o que vemos nos meios de comunicação transmite fatos reais está ameaçada.

'It's Not a Bug, It's a Feature.' Trite—or Just Right?: O conceito de bug antecede a história da computação, mas está indelevelmente associado aos erros de software. E transvasou para a linguagem comum, quando dizemos bugado para indicar algo que não funciona bem, a estruturas que se dizem concebidas a pensar em nós mas que requerem que nos adaptemos a elas.


  The fabulous illustrated history of the pocket calculator: Confesso que não li toda a thread do twitter, mas há aqui algumas máquinas fascinantes, recordações daquela que há uns anos parecia uma tecnologia imprescindível e hoje, é uma app no nosso smartphone.

Facebook wants to use AI to speed up MRI scans: Junto às fotos de férias e atualizações de estado sobre as refeições, a rede social azulinha agora também quer que partilhemos as nossas ressonâncias magnéticas? Nem por isso, trata-se de afinar algoritmos de machine learning e reconhecimento de padrões, desenvolvendo técnicas de Inteligência Artificial para melhorar a resolução da imagiologia diminuindo o tempo necessário para as executar. Não é altruismo. As técnicas desenvolvidas podem ser aplicadas ao reconhecimento facial e leitura automática de imagens, vertentes que afinam o facebook como máquina de fazer dinheiro com a nossa informação.

Self-Invasions and the Invaded Self: Na era das redes sociais, o conceito de privacidade ganhou uma enorme exposição mediática. Quando é que se começou a manifestar a necessidade de proteger a privacidade? Curiosamente, não com a corrente transparência mediada pela tecnologia, nem com os totalitarismos do século XX. O comportamento predatório do jornalismo amarelo nos finais do século XIX provocou a primeira instância de preocupação com a privacidade individual (para quem não perceber o que significa jornalismo amarelo, uma metáfora adaptada ao século XXI: clickbait).

What Did Ada Lovelace's Program Actually Do?: Uma muito interessante contribuição para a discussão se Ada Lovelace criou, realmente, o primeiro programa de computador da história quando colaborou com Babbage no engenho analítico. A conclusão é surpreendente, o programa descrito por Ada nas suas notas, transposto para a linguagem C, não só funciona como tem bugs. O texto é algo pesado na matemática, o que se torna duro para pessoas matematicamente deficientes como eu (não estou a abanar uma bandeira de orgulho, é apenas um aceno às teorias de inteligências múltiplas e ao meu lado mais literário e visuo-espacial). É sempre divertido descobrir os pormenores da história da computação.

Where Vim Came From: Outro artigo do 2Bit History, que claramente se tornou leitura obrigatória pelas suas visões informadas pela história da computação. Neste, analisam a origem do VIM, um editor de texto para programação.

Facebook is rating users based on their 'trustworthiness': Daquelas notícias que parecem saídas de um argumento da série Black Mirror. Entre os esforços da rede social azulinha para combater as fake news e fontes fraudulentas, agora temos este - classificar os utilizadores de acordo com o seu nível de fiabilidade. A questão óbvia: os critérios de classificação são opacos, conhecidos apenas por quem desenvolve e aplica estas ações. Ah, admirável mundo novo, em que somos classificados pela fiabilidade por empresas privadas. Se fosse um estado a fazer isto, levantar-se-iam logo os coros de totalitarismo.

European lawmaker writes post warning about dangers of automatic copyright filters, which is taken down by an automatic copyright filter: Estas merdas não se inventam, ou a realidade consegue ser sempre mais bizarra que as bizarrias da ficção. Julia Reda, eurodeputada e ativista digital, publicou na sua página um artigo sobre os perigos da utilização dos algoritmos preventivos de identificação de propriedade intelectual propostos no infame artigo 13º da nova proposta de lei europeia sobre direitos de autor na era digital (daquelas leis tão UE, depois da preocupação com direitos individuais evidenciada pelo RGPD, propõe um tiro no pé que poderá ter como efeitos a supressão da liberdade de expressão na internet) (suspeito que o tipo de artigo que faço com estes URL seria ilegal ao abrigo dessa proposta legislativa, por linkar livremente para outras fontes de informação) (ou ter os posts sobre livros bloqueados por usar a imagem da capa). O tipo de algoritmos aconselhado pelos redatores da proposta de lei europeia bloqueou a publicação do artigo da eurodeputada. Antes que comecem a gritar "censura!", recordem, estes algoritmos são automáticos, não há ninguém de lápis azul em riste pronto a clicar num botãozinho quando lê um artigo que pode ser suprimido. O uso destes sistemas é ainda mais pervasivo e insidioso do que a censura tradicional.

Beauty Is, Mostly, in the Eye of the Beholder: Se parece difícil chegar a um consenso se algo é belo ou não, é natural. Para lá de alguns padrões comuns - como, por exemplo, a marcada preferência por curvas face a retas, o conceito de beleza tem muito de pessoal.

 
Meet the Nuclear Weapons Nerds: Há colecionadores para tudo. Estes são especializados no lado mais esotérico da tecnologia - artefatos, fotos e materiais ligados à bomba atómica. Algo arrepiante, a história do colecionador que decorou a casa com pedras de minério de urânio.

The Untold Story of NotPetya, the Most Devastating Cyberattack in History: O gestor de sistemas que há em mim (é o lado complexo do trabalho na escola, nem tudo são aulas e clubes de robótica) arrepiou-se todo ao ler esta reportagem sobre os efeitos globais do NotPetya. O foco está na Maersk, o gigante mundial dos transportes marítimos, e a rapidez com que a sua infraestrutura digital foi aniquilada no ciberataque. Durante alguns dias, a empresa paralisou. Os prejuízos directos contam-se em milhões, e é impossível de perceber quais os danos indiretos (em, por exemplo, fábricas paradas porque os materiais das cadeias de produção just in time não foram entregues no prazo certo). Esta foi uma de muitas multinacionais afetadas, e na Ucrânia, o efeito foi ainda mais devastador. O jornalista Adam Greenberg não hesita e aponta o dedo à Rússia, por ter libertado uma ciber-arma no que foi, de facto, um ato de guerra contra a Ucrânia (um de entre muitos), cujos danos colaterais ultrapassaram todas as expetativas.

Hey Artists, Stop Putting Shiny Crap Into Space: A órbita terrestre como tela de expressão, com artistas que criam artefatos para colocar em órbita como forma de expressão artística. O colunista do Gizomdo não é grande fã do conceito, apontando o dedo acusador entre a proliferação de lixo orbital ou a colocação de objetos brilhantes em órbita, que complicam o trabalho aos astrónomos.

 
The Abandoned, Apocalyptic Architecture of One Bold 1970s Retail Chain: Recordo que fiquei fascinado com este tipo de arquitetura vernacular quando me comecei a interessar por arte e arquitetura (tipo, à bué anos atrás, pensem final dos anos oitenta/princípo dos anos 90, sim, desse século chamado vinte). Décadas depois, o que resta deles são fotos em livros sobre arquitetura. A corajosa experiência de arquitetura lançada pela cadeia de lojas não sobreviveu à sua falência. Os edifícios, em espaços suburbanos, foram demolidos apesar do seu interesse artístico e arquitetónico.

The Impossible Job: Inside Facebook’s Struggle to Moderate Two Billion People: Uma leitura longa, mas vale bem a pena. O Vice infiltrou-se nos sistemas de filtragem e moderação de conteúdos para perceber como funciona. O que sobressai é um quadro de esforço contínuo, entre linhas-guia restritas e muita discussão sobre o que deve ser banido ou mantido. O problema real está na natureza humana, essa coisa complicada que parece determinada em derrotar os mais sorridentes optimistas: “Making their stock-and-trade in soliciting unvetted, god-knows-what content from literally anyone on earth, with whatever agendas, ideological bents, political goals and trying to make that sustainable—it’s actually almost ridiculous when you think about it that way,” Roberts, the UCLA professor, told Motherboard. “What they’re trying to do is to resolve human nature fundamentally.”

How social media took us from Tahrir Square to Donald Trump: Zeynep Tufekci faz uma brilhante análise do impacto político das redes sociais, desde o optimismo inicial das primaveras árabes à amargura trumpista. O que pareciam ser ferramentas de comunicação libertadoras foram cooptadas pelas velhas forças e usadas para dominar o espaço de ideias. Duas notas importantíssimas, tiradas de um texto brilhante: "He hadn’t understood that in the 21st century it is the flow of attention, not information (which we already have too much of), that matters", sublinhando que não é a quantidade informação que conta, é a forma como se lhe dá uso, e "Security isn’t just about who has more Cray supercomputers and cryptography experts but about understanding how attention, information overload, and social bonding work in the digital era", mostrando também que se as manipulações da opinião pública e o hacking direto tiveram influência nas eleições que elegeram o impensável Trump, na verdade, apenas aproveitaram os enviesamentos introduzidos pelas consequências do desinvestimento social, crise económica e outras forças sociais e políticas.



Magic Leap One Teardown: Quando os primeiros vídeos da Magic Leap apareceram, a coisa prometia o impossível: realidade virtual e aumentada à frente dos nossos olhos. Agora está a chegar ao mercado, e acaba por ser mais um par de goggles de realidade virtual. Não diria que a montanha pariu um rato, quem compreende VR e AR sabe que tem de haver um qualquer tipo de ecrã a mediar a sobreposição do virtual sobre o real.

Waymo’s Robot Cars, and the Humans Who Tend to Them: Faz-me lembrar uma frase de um conto de P.K. Dick, for have I not been tending well of my machine? Apesar de todos os ganhos de autonomia dos veículos autónomos, há situações que não conseguem resolver, e aí entram em campo as equipas humanas de apoio. Como Alexis Madrigal observa com a sua habitual acutilância, "What humans lack in regularity, precision, and relentlessness, we (typically) make up for with manual dexterity, adaptability, and excellent visual sensors". Juntem especialista em apoio à condução de veículos autónomos às listas de profissões do futuro.


Look what I got!: Esta é para whovianos (se não sabem o que isto é, claramente não o são). A nova Sonic Screwdriver já está aí... e é... bizarra, muito bizarra, mais orgânica, com qualquer coisa de dildo Klingon e luzes amarelas a piscar. Sendo este um brinquedo, resta saber se na série a screwdriver da nova Doctor vai ser mesmo assim.

The Big Bang Theory Was Cancelled Because Jim Parsons Wanted to Move On: Por cá, o escândalo mediático tem a ver com a ida da Cristina qualquer coisa para um canal concorrente ao programa da manhã que mesmeriza a terceira idade com o Goucha (lamento, mas tenho a infelicidade de morar na Malveira, terra da famosa apresentadora, e não consigo evitar estas coisas mesmo que comece a bater com a cabeça na parede como um autista profundo em crise). Mais pertinente para mim e todos os geeks, a Big Bang Theory vai finalmente chegar ao fim. Sempre tive uma relação dúbia com esta série, que para geeks que se levam a sério é o equivalente a assistir a um desastre de comboio em slow motion. Por um lado, divertia-me com as idiosincrasias dos übergeeks da série. Por outro, não conseguia libertar-me da sensação que a cultura geek está a ser objeto de gozo. No entanto, nos últimos tempos a sensação preponderante tem sido de tédio.


Restricted Areas: Uma delícia, estas imagens de um projeto fotográfico que documenta as ruínas das utopias tecnológica soviéticas, num incrível minimalismo onde o branco da neve é a cor dominante.

Welcome to the Age of Privacy Nihilism: Os perfis hiper-personalizados de preferências alimentados por big data e geridos por IA são a variante mais recente do inexorável esforço da indústria da publicidade para afinar as suas técnicas.

Steampunk Internacional – Vários autores: Resenha a uma excelente iniciativa da Divergência, que está no topo da minha pilha de livros a ler.

99 Things That Robots Were Supposed to Be Doing by Now: Confrontar os sonhos com a realidade da robótica, em noventa e nove coisas que os robots ainda não são capazes de fazer.



Tri-Triplane Monster Plane (1921): Entre os achados gráficos curiosos e raros que o JF Ptak partilha, esta abetarda destaca-se. O Caproni Noviplano, projetado pelo pioneiro italiano da aviação, voou tão bem como a sua belíssima forma aerodinâmica faz intuir: despenhou-se no voo de testes.

Plano Tecnológico da Educação: dez anos depois como estão as escolas do futuro?: Grande parte das minhas agruras no dia a dia da escola têm a ver com as consequências deste projeto. À altura, foi de facto fundamental, dotando todas as escolas de meios digitais - acesso à web, computador e projetor em todas as salas de aula, quadros interativos (estes últimos são praticamente inúteis, sempre o foram). Permitiram às escolas e professores dar o salto tecnológico, ambicionar ir mais longe, mas é de notar que o PTE falhou em dois pontos fundamentais. Foi criado com base na lógica build it and they will come, dotou as escolas de meios técnicos, mas não fez um trabalho de formação alargada que desse aos professores a faísca para os potenciar. Nesse aspeto, boa parte do parque informático é ainda hoje sub-utilizado (para ser honesto, ter um computador por sala dá para pouco mais do que apresentações em apoio a aulas tradicionas, ou projeção multimédia, nesse contexto, o computador é para uso do docente como meio pedagógico, não pelos alunos, que é onde realmente está a verdadeira aprendizagem digital). No entanto, com a disponibilidade de equipamentos, o aspeto do uso tem vindo, lentamente, a melhorar. Há aqui que sublinhar o papel de algumas associações de professores (ok, estou a ser discreto, mas a apontar o dedo à ANPRI) que se têm esforçado por, no terreno, incentivar o uso da tecnologia com iniciativas práticas e muita formação, essecialmente fazendo o trabalho que o ministério foi incapaz de fazer. E ainda bem, é no lado grass roots que estes projetos ganham raízes. A verdadeira falha, calamitosa, do PTE foi a sua sustentabilidade. Não chega dotar as escolas de meios informáticos, é preciso conceber estratégias sustentadas de renovação períodica. É inacreditável que se despeje nas escolas máquinas que ao fim de dez anos ainda são as que temos, sem cenários de substituição à vista. O envelhecimento, praticamente obsolescência, do parque informático das escolas só não é um escândalo nacional graças ao trabalho dos professores de TIC e informática, que na maioria das escolas asseguram essa tarefa impossível que é a manutenção de máquinas com dez anos em ambientes de uso muito intensivo. Dez anos após o PTE, o que me deixa acordado à noite (pronto, uma de muitas razões de insónia, confesso), é a sensação que sou responsável por um parque informático mission critical, quer nas salas de aula quer nos espaços administrativos, envelhecido ao ponto do obsoleto, sem previsão à vista de investimento na renovação. Multipliquem isto pelas escolas todas do país, e misturem uma dose de ironia com o corrente deslumbre do ministério da educação por inovação tecnológica, salas de aula do futuro e papel das TIC na flexibilização curricular.

Paradise Lost How Tourists Are Destroying the Places They Love e Travel Has Become Almost a Human Right: A pressão exercida nos destinos pitorescos pelo turismo de massas está a criar fissuras sociais, descaracterizar a vida tradicional nas àreas visitadas, substituída por um simulacro tipo parque de diversões, gentrificar da pior maneira espaços urbanos, ao ponto de despejar os seus habitantes locais. A Spiegel analisa os problemas do moderno turismo de massa, em dois artigos sérios que fogem aos lugares comuns de demonizar o turismo, ou apontar que quem se queixa dos seus impactos é um mal agradecido. Pessoalmente, tenho mixed feelings sobre este tema. Por causa do turismo, evito ativamente zonas inteiras de Lisboa. Deixei de ir a um Chiado que se tornou parque temático, ou à zona ribeirinha que é terreno de borracheira para bandos de turistas embevecidos com as imperiais ou cocktails hipster. Por outro lado, não me coíbo de utilizar os meios low cost para viajar sempre que posso, sabendo que a poupança em bilhetes de avião e hotel me permite conjugar o gosto por pisar outros solos e o orçamento limitado de professor com salário congelado há dez anos. A questão fundamental talvez seja a condição humana, as massas que se deslocam em busca de experiências verdadeiras e pitorescas dentro dos redis dos negócios caça-turistas, ou que mal saem do avião se dedicam a comportamentos que não se atrevem a ter em casa. Pessoalmente, dou graças pela era low cost flying e travelsites, permitem-me ir àqueles museus de referência ver obras que só conheço através de reproduções, calcorrear as ruas (ruminando sub-vocalmente contra os magotes de turistas nalguns recantos) de outras cidades, ou (prazer muuuito geek) perscrutar as estantes de livrarias, mesmo em países cuja língua me é incompreensível.


Math + The Mechanics: Intrigante ensaio sobre a Curta, uma máquina de calcular portátil mecânica, cujo desenvolvimento literalmente salvou o seu criador da morte nos campos de concentração nazis. A Curta é considerada um epítome dos meios matemáticos totalmente mecânicos, surgindo no dealbar da era da computação digital.

TOP TEN Séries de BD: O Notícias de Zallar deixou aqui um top ten seu de banda desenhada. Não seriam as minhas escolhas, pergunto de The FadeOut ou Southern Bastards sobreviverão ao teste do tempo, como Watchmen ou V for Vendetta o fizeram, mas não deixam de ser boas dicas de leitura.

Information overload is nothing new: Queixamo-nos da sobrecarga de informação nesta era de múltiplos canais de televisão, diversidade imensa de meios online, constantes interrupções por mensagens e emails. No entanto, este sentimento que a informação que produzimos e dispomos é uma sobrecarga congitiva, já tem um longo historial. Não deixa de nos parecer excêntrio ler sobre Erasmus de Roterdão a queixar-se do excesso de livros publicados no final da idade média (coitado, imaginem-o hoje, ao entrar numa qualquer livraria, teria uma apoplexia), ou Leibiniz a refilar sobre massas crescentes de livros.