sexta-feira, 6 de julho de 2018
Dylan Dog: Os Inquillinos Arcanos.
Tiziano Sclavi, et al (2018). Coleção Bonelli #10 Dylan Dog: Os Inquillinos Arcanos. Lisboa: Levoir.
Para os fãs de Dylan Dog, este décimo volume e último da coleção Bonelli é encerrá-la com chave de ouro. Em vez de uma aventura completa do investigador dos pesadelos, somos mimados com três histórias curtas, provenientes das revistas Comic Art e Color Fest, publicações da Bonelli que abrem espaço a algum experimentalismo gráfico e narrativo, que não se encontra na série mensal. Chegada ao fim esta coleção, há que perguntar: para quando o regresso deste personagem aos leitores portugueses? Fazem falta mais edições deste personagem por cá. E nem precisam de ser neste formato luxuoso que a Levoir adotou para as suas coleções, uma trasnposição do formato original serviria perfeitamente, até porque permitira ter um preço mais acessível para os leitores, neste momento de saturação do mercado da banda desenhada em Portugal.
Num edifício, não amaldiçoado mas construído como abrigo para espíritos inquietos e almas penadas, Dylan vê-se envolvido em três diferentes e surreais aventuras. Na primeira, o fantasma de um antigo inquilino manifesta-se na casa de banho de uma bela condómina, apontando para o fim violento que sofreu às mãos de um comprador de casa que se cansou de esperar que o corrente ocupante morresse de morte natural. Notem, é Dylan Dog, tem sempre de haver uma mulher enigmática para o apaixonar. Na história seguinte, cruza-se com um homem que parece não existir, reclamando uma casa que ninguém encontra e um emprego onde nenhum o reconhece. Para terminar a trilogia, é o próprio edifício que se manifesta, após ser arrasado para construção de um arranha-céus. Estas três histórias curtas são Tiziano Sclavi no seu estilo clássico, enigmático, bem humorado, algo surreal e a referenciar a longa tradição da cultura fantástica.
Em seguida, um argumento de paradoxos temporais de Luigi Mignacco, com a ilustração de Enrique Breccia a roubar o protagonismo, numa história onde Dylan se vê transportado a um futuro apocalíptico, com forte homenagem a Eternauta, clássico da banda desenhada argentina. Para terminar, uma história clássica de fantasmas, entre colégios internos e velharias, com um leve toque de Carrie. Uma aventura que se distingue por ter sido ilustrada pela irmã de Milo Manara, que tem um estilo gráfico muito próximo do deste grande mestre da banda desenhada italiana.