quinta-feira, 14 de abril de 2016
The Information
James Gleick (2011). The Information: A History, A Theory, A Flood. Nova Iorque: Knopf.
Um livro, em muitos sentidos, extraordinário. James Gleick aplicou a sua erudição e capacidade jornalística, que explora num tipo de divulgação científica que apesar de acessível não é simplista, ao conceito de informação. Não o tenta definir de acordo com as teorias mais recentes. Antes, pega-nos na mão e leva-nos ao longo de um périplo sobre a evolução de ideias e tecnologias aparentemente de relação ténue entre si que culminaram na contemporânea sociedade da informação. Há um padrão de constante e progressiva codificação e redução ao elementar, progressivamente apoiado em tecnologia, em que o corrente ponto alto dos dias de hoje será apenas mais um passo de uma evolução que não terminou.
Gleick começa no início, na própria linguagem, e mostra-nos como o desenvolvimento de alfabetos, o uso de dicionários e normativos gramaticais que normalizam as línguas, a invenção da imprensa, a matemática na descrição do real e as cifras confluíram numa progressiva codificação e abstração da comunicação. Daí segue para os meios mecânicos e eléctricos de transmissão de comunicação, que obrigam a reflectir sobre a essência das mensagens e introduzem as questões técnicas advindas da introdução de tecnologia eléctrica. O século XX explode, com a consolidação da teoria de informação, a revolução trazida pela computação, a generalização do conceito de informação nas ciências sociais (com os memes) e na biologia (com os genes), uma confluência que culmina com a cultura em rede trazida pela Internet.
A Informação é uma história de evolução contínua, de conceitos que se encaixam numa progressiva definição dos elementos da comunicação. É uma história de tendências, de procura por aprofundamentos, das intuições e trabalho de uma longa lista de gigantes nos ombros dos quais, algo que ainda nos surpreende, assenta a nossa contemporânea noção de sociedade. É uma história de nomes, de Gutenberg, Babbage, Shannon, entre muitos outros cujo trabalho inventivo e investigativo se tornou uma pedra desse grande caminho evolutivo em direcção à sociedade de informação, que ter-se-á iniciado quando pela primeira vez a humanidade sentiu a necessidade de definir e transmitir visões do mundo. Termina com um inevitável borgesianismo. Vivemos, agora, num mundo informacional que tem ao mesmo tempo os seus quês da biblioteca infinita e do mapa que se torna o território. Reduzida ao seu elemento mais puro, a informação tornou-se a charneira de toda a sociedade. Talvez sempre o tenha sido, mas temos hoje as ferramentas mais avançadas de sempre que nos permitem dela tirar partido. Da leitura fica a ideia que o momento contemporâneo, a sociedade em rede, será, em si, mais um passo de uma profunda evolução.