quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Visões



The Red Baron (Nikolai Müllerschoen, 2008)

O lendário ás dos ases da I Guerra Mundial, barão Von Richtoffen, tem neste filme um suave biopic de contornos românticos, que lhe traça uma biografia dos seus feitos nos ares com um forte ênfase numa relação romântica com uma enfermeira e um pretenso pacifismo. Não é um filme especialmente convincente, apesar do muito cuidado colocado nos detalhes de época. Como dramalhão romântico lamechas tem os seus méritos, não deixará de tocar o coração de quem gosta desse tipo de coisas, o retrato de uma guerra inútil que aniquilará a Alemanha imperial bem conseguido, e a tónica no cavalheirismo dos cavaleiros dos ares, mantendo um espírito de duelo elevado sobre o lamaçal assassino das trincheiras, é esperado. O filme tem o seu lado redentor. Dado o tema, podemos esperar algumas batalhas aéreas épicas, e nisso o filme só desilude por serem poucas. Poucas, mas boas. São claramente efeitos de CGI, mas suficientemente bem feitos para serem plausíveis. As batalhas aéreas são duras, rápidas e brutais, a contrastar com o ritmo vagaroso do resto do filme. O seu melhor não está nas acrobacias mortais ou duelos fatais entre Sopwith Camels, SE5s, Albatross e triplanos Fokker, mas no pormenor do silêncio. É usual este tipo de cenas serem ruidosas, entre a música épica, as rajadas de metralhadora, a cadência dos motores, as explosões dos aniquilados e as frases corajosas proferidas pelos pilotos. Na I Guerra os aviões não estavam equipados com rádios, e o realizador seguiu esse pormenor à risca. Nos combates, não há gritos de coragem ou diálogos entre pilotos. São momentos soturnos, com os combatentes de ar pesaroso a preparar as suas armas antes de mergulhar no caos aéreo ao qual poderão não sobreviver. O filme vale por estes momentos.