quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Frisson

Depois de cinco anos de serviço fiel decidi reformar o meu fiável e funcional vaio. Nem precisaria, se os meus requisitos computacionais se ficassem pelo navegar na web, produzir texto e editar imagens. Ao fim destes anos a bateria ainda dura um bom par de horas e tirando algum sobreaquecimento por bloqueios na ventilação o vaio continua excelente. Dando ou tirando alguns riscos no chassis, a marca de um pc com uso muito intenso. Com a corrente tendência de plataformas móveis o pc clássico acaba por ser uma máquina de uso restrito para a maioria dos utilizadores, daquele tipo que os utiliza essencialmente como máquina de escrever, ecrã de televisão e redes sociais. Mas os meus requisitos vão um pouco para além disso e apesar de se esforçar, e me prestar bom serviço nestes anos, o vaio já se arrastava na modelação e impressão 3D. Hora, por isso, de investir.

Contemplei, babado, os Lenovo (os posts do Cory Doctorow no Boing Boing sobre os seus Thinkpads abriram o apetite) mas lembrei-me dos desastrosos spyware e malware que os génios da empresa decidiram instalar nos seus computadores. Não quero silverfish no disco rígido, muito obrigado. Decidi-me por um HP cujas especificações de RAM, processador e placa gráfica se ajustavam ao que preciso e ao preço que estou disposto a pagar. E quando cheguei a casa para o estrear recordei-me o quanto detesto teclados da HP. Grr. Tenho os dedinhos e a percepção corporal habituada aos teclados aconchegados dos vaio e o espaço largo dos HPs sempre me irritou. Especialmente quando o dedo vai instintivamente clicar naquela tecla e sai outra que não era bem aquela que estava à espera.

Algo que me apercebi, ainda quando estava a ponderar as escolhas e a processar a compra, é o quanto me falta a paciência para as rotinas de configurar um novo computador e migrar as aplicações e dados. Bolas, pensei, é que não me apetece mesmo nada. É um sinal da integração completa das tecnologias digitais no meu dia a dia, esta fadiga com as novidades tecnológicas. Houve tempo em que sentia aquele frisson ao redescobrir sistemas operativos e novo hardware. Agora, nem por isso. Só penso no tempo que não vou poder utilizar de forma produtiva enquanto instalo aplicações e transfiro pastas de dados. Suspeito que o meu trabalho tenha algo a ver com isso. Sou professor, mas sou um professor que passa boa parte do tempo com o nariz mergulhado nos sistemas informáticos da escola (vai acima da centena, se querem saber). Há quem diga que ando sempre a reformatar computadores. Pudera, desde que percebi que o trabalho que dá resolver problemas numa rede que me rendi ao espera aí vinte minutos, vou só reformatar com a ferramenta de clonagem e já volto. Vinte porque demoro cinco a ligar/desligar/ligar ao domínio. Confesso que com tanta reformatação e instalação de sistemas operativos cansei-me das novidades.

Ainda estou a correr Windows, porque preciso dele para algumas aplicações que me são essenciais, e vou manter-me no 8.1 durante umas semanas antes de arriscar o 10. Não que desconfie dele, mas acabou de sair e... lá está, tenho melhores coisas para fazer com o meu tempo do que estar a servir de cobaia enquanto se alisam os vincos do novo sistema. Não me interessa participar num programa de beta testing à escala global.

Novo computador significa que alguns projectos que tenho adiado vão poder finalmente ir em frente. Vamos ver se me safo como autodidacta em Blender e Unity? Entretanto, vamos ver se me habituo aos teclados HP.