terça-feira, 13 de maio de 2014
An Optimist's Tour of the Future
Mark Stevenson (2011). An Optimist's Tour of the Future. Nova Iorque: Avery.
Extrair sentido da confluência de ciência, tecnologia e tendências sociais que o futuro próximo nos promete não é tarefa fácil. O constante bombardeamento mediático de inovações revolucionárias quase nos tornou imunes ao conceito em si. Tecnologias de enorme poder transformativo estão correntemente em desenvolvimento ou já com aplicação, prontas a responder aos desafios colocados à humanidade ou sendo elas próprias novos desafios perante os quais não sabemos bem com reagir.
Este livro não se esforça muito por tentar ser uma resposta definitiva a essa coisa difusa que é o futuro. Tenta, e consegue, criar um panorama abrangente de tecnologias em desenvolvimento que abrem novas áreas de exploração humana ou respondem aos mega-desafios que nos ameaçam. São os suspeitos do costume: robótica, tecnologias digitais, inteligência artificial, nanotecnologia, biotecnologia, tecnologias ambientais. O que o autor tenta é mostrar-nos que se isoladamente cada uma tem promessas e hipóteses fascinantes, no seu todo já estão a transformar o mundo que nos rodeia. Entre as promessas da tecnologia e o activismo daqueles que as utilizam o que resulta é a imagem de um paradigma de transformação permanente, ao qual temos de estar atentos não só para não sermos surpreendidos como pelo risco de pressões externas aniquilarem a promessa de desenvolvimento em nome da manutenção de privilégios ou estados das coisas obsoletos, prejudicando o progresso de todos para favorecer minorias já de si favorecidas. É talvez por isso que encerra com uma visita aos suspeitos do costume, dos quais se destacam Ray Kurzweil e Ken Robinson, não para sublinhar caminhos únicos a trilhar mas sim o potencial do momento em que vivemos e a responsabilidade de o questionar.
Tudo isto escrito no tom leve de um escritor de viagens que não visita paisagens de tirar o fôlego mas entra em laboratórios de ponta ou fica a conhecer aqueles que no terreno implementam soluções inovadoras para problemas aparentemente insolúveis. O livro não é nem pretende ser uma análise profunda das tecnologias e seus impactos. Assume-se como introdutório e optimista, o que lhe permite ser abrangente sem se dispersar em aprofundamentos. Uma interessante obra de introdução às tecnologias de ponta e seus impactos sociais e civilizacionais, escrita numa perspectiva saudavelmente positivista. Tão positivista que apetece sugerir utilizar o The Second Machine Age para temperar a luminusidade com os horrores da confluência entre ideais neo-liberais alastrantes e tecnologias que substituem a mão de obra humana.