quinta-feira, 3 de abril de 2014

Peculia and the Groon Grove Vampires


Richard Sala (2005). Peculia and the Groon Grove Vampires. Seattle: Fantagraphics.

Richard Sala tem um estilo gráfico muito próprio, que mistura a expressividade do traço com um forte carácter ingénuo e admiração pela iconografia do horror clássico. Esse gosto por monstros do cinema a preto e branco e elementos assombrados das casas que rangem na noite também é explícito nas histórias que congemina para os seus livros. Neste, é o mito do Vampiro que é colocado em destaque. Sala pega na clássica visão pop da cidadezinha burguesa americana que é assolada por uma família de vampiros especializada em sugar o sangue virginal de babysitters. O estilo gráfico está mais na linha do traço gótico de Edward Gorey do que no pop colorido de Buffy The Vampire Slayer, onde claramente Sala vai buscar a base para este livro. Sublinhado o seu gosto pelo lado tenebroso da cultura pop o ilustrador ainda vai buscar elementos decalcados dos clássicos filmes de terror da Universal, particularmente no toque dos ciganos conhecedores dos mistérios das trevas, que parecem saídos do clássico The Wolfman. E, claro, como falamos de vampiros, quando estes realmente atacam a iconografia vem do Nosferatu de Murnau. Como um bom cineasta, Sala conta a história fazendo a câmara seguir um personagem, um miúdo intrigado com vampiros que se vê arrastado para uma orgia vampírica do qual se safa graças a uma baby-sitter desenrascada e à intervenção atempada de uma velha cigana certeira com o arcabuz. É curioso que este personagem se destaca pro ser desenhado num estilo de cartoon, muito diferente do registo do autor, e por não dizer uma palavra. Será que representa o espectador, curioso voyeur levado a mergulhar nos horrores pelo braço do autor, ou será referência aos Peanuts?