quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Comics: Crossed, Salem's Daughter.


Garth Ennis, Jacen Burrows (2006). Crossed Volume 1. Rantoul: Avatar Press.

Começa por ser uma curiosa variação no género apocalipse com zombies mas depressa descamba numa viagem de sobrevivência que banaliza a violência visceral. Em Crossed a humanidade é dizimada por um vírus que se manifesta pelo aparecimento de uma cruz sangrenta no rosto dos infectados. Todas as inibições são desligadas e os infectados degeneram em comportamentos orgiásticos de extrema violência. Não são mortos-vivos no sentido tradicional, apenas humanos decaídos na selvajaria extrema em estado de permamente excitação que se dedicam a espancar, violar e devorar aqueles que se cruzam no seu caminho.

A história segue o inevitável périplo do grupo de sobreviventes que se cruza pela força do acaso mas vai sucumbindo às vicissitudes da fuga, até que restam os elementos mais duros. É curioso que Ennis dá aos seus heróis um carácter de implacabilidade desumana, similar aos monstros infectados pelo vírus, diferenciado apenas na motivação. Os heróis não hesitam em matar para sobreviver, enquanto que para os infectados matar é uma justificação para orgias de tortura canibalística.

Ennis é capaz de melhor que isto. Crossed é uma boa desculpa para hiperviolência sangrenta e repulsiva em comics embrulhada numa linha narrativa que pretende ir mais além da habitual história de sobrevivência num mundo destruído mas não o consegue. Apesar destas falhas o claro apelo catártico à violência proibida transforma esta numa das séries mais duradouras da Avatar Press.


Raven Gregory, Daniel Leister (2011). Salem's Daughter. Horsham: Zenescope Entertainment.

Os títulos da Zenescope raramente passam de veículos para pinups de seios avantajados e decotes generosos embrulhados em histórias pretensiosas mas que raramente se afastam da banalidade. Este Salem's Daughter é um exemplo típico. História de uma jovem com poderes ocultos perseguida por uma entidade malévola capaz de controlar a mente dos que o rodeia, tem como aliado um pistoleiro que anos atrás se cruzou com misteriosas bruxas vampíricas com propensão para usar lingerie reveladora em combate. Após salvar a simpática bruxa do enforcamento às mãos dos cidadãos mentalmente controlados da cidade natal, o pistoleiro leva-a consigo para viajar pela américa e lutar contra ameaças ocultas e terrores monstruosos. Posto desta forma até parece interessante, mas a narrativa é previsível e inepta enquanto a ilustração preocupa-se apenas em representar as formas generosas das bruxas que dão o mote à série.