sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Comics


Dial H #15: China Miéville conclui em grande estilo esta aventura na DC, ressuscitando um clássico mal aproveitado com contornos nitidamente surreais. Os heróis acidentais que se foram agregando ao universo peculiar de Dial H atingem o seu objectivo: chegar à central, nexo de realidades paralelas, derrotar o operador cujo disco telefónico permite discar apocalipses que devoram realidades inteiras, e desvendar os segredos das linhas que interconectam os universos e dão estranhos poderes aos seus utilizadores. Para finalizar, Miéville dá largas ao seu capricho na criação de super-heróis perfeitamente bizarros, algo que pode ser lido como um comentário irónico ao género ou uma elegia da sua ingenuidade. Como na banda desenhada uma boa história precisa de mais do que um bom argumentista o trabalho de Alberto Ponticelli sublinha a extravagância das ideias de Miéville.


Trillium #01: Diga-se que a contribuição de Jeff Lemire para a Vertigo DEFY é muito intrigante. Começa como uma história de FC futurista passada num futuro distante onde a humanidade enfrenta a extinção às mãos de um vírus inteligente que dizimou sistematicamente as colónias. Só resta uma esperança, uma flor indígena num planeta cujos nativos habitam estruturas curiosamente similares às pirâmides maias. Perante a ameaça de extinção cabe a uma cientista idealista estabelecer contacto com os alienígenas mas quando o faz... somos levados à Terra, nos anos 20, onde um antigo soldado da I guerra exorciza os seus demónios interiores enquanto tenta fugir a uma tribo selvagem que está a dizimar os companheiros de expedição às pirâmides maias perdidas na selva. A cientista do futuro e o soldado do passado cruzam-se. E as questões começam. Uma humanidade ameaçada de extinção no futuro distante? Alienígenas de estranhos costumes cujas pirâmides têm portais que conduzem directamente ao passado terrestre? Vírus inteligentes conscientes? Cruzamentos entre futuro e passado? Pirâmides misteriosas? Lemire tem mais sete episódios para desenvolver este comic inesperado.


Fatale #16: Seattle nos anos 90, músicos grunge semi-falidos que roubam bancos para financiar videoclips, um policia serial killer obcecado por Josephine, que agora é uma mulher fatal amnésica a espalhar obsessão em todos os homens com que se cruza. Estas são as linhas narrativas que se cruzam no regresso de Fatale ao século XX após intrigantes desvios pelo passado. Os pesadelos lovecraftianos também estão de regresso, mas por enquanto apenas com pequenos vislumbres.


The Manhattan Projects #13: Einstein diverte-se a dissecar alienígenas. Von Braun dispara uma Laika falante no novíssimo foguetão nuclear que a partir da base lunar promete abrir o sistema solar à exploração humana. O esqueleto radioactivo de Daghlian banha-se num vulcão enquanto um general americano e um comissário russo se congratulam pelo domar de uma fonte inesgotável de energia. E Oppenheimer vai trabalhando num projecto secreto na Antártida enquanto convence o jovem presidente Kennedy nos intervalos entre sexo, drogas e álcool que apenas o seu projecto não vai contra o interesse nacional americano. Sublinhe-se que manter o elevado nível de excentricidade ao longo de mais de um ano de publicação e demonstrar que ainda há muita bizarria para mostrar não é tarefa fácil, mas Jonathan Hickman tem sabido manter a fasquia deste comic muito elevada.


Satellite Sam #02: Após uma primeira edição morna Matt Fraction não faz avançar muito esta história sobre crimes, intrigas no mundo da televisão nos anos 50 e uma série de ficção científica sobre um herói espacial. Continua morna, mas para os fãs de Howard Chaykin é sempre bom ver este ilustrador a fazer o que faz melhor: desenhar em estilo retro com muitos retoques sensuais.