sábado, 6 de julho de 2013

Wormwood, Gentleman Corpse


Ben Templesmith (2007). Wormwood, Gentleman Corpse. San Diego: IDW.

As premissas de Wormwood, Gentleman Corpse são interessantes. Um verme milenar inteligente, espécie de Doctor Who do horror, anima cadáveres mantendo a humanidade sob vigilância. Conta com a ajuda de um autómato mal-humorado obcecado com a possibilidade de vir a ter peças sexuais (aqui o trocadilho naughty bits funciona muito bem), um detective fantasma incapaz de investigar casos com sucesso e um grupo de strippers imortais, encarnações de figuras mitológicas do calibre de Medusa ou Fénix, que ocultam debaixo de um bar um portal interdimensional que estão encarregues de guardar a todo o custo.

Anti-herói de bom coração, defende a terra das ameaças de criaturas do além espaço. Curiosamente, parece fazê-lo quase sempre sem mexer uma palha mas manipulando os acontecimentos nos bastidores. Wormwood salva o planeta de uma infestação de criaturas tentaculares, frente avançada de um demónio consumidor de mundos que se revela velho amigo do herói, invade a dimensão dos horrendos duendes bêbedos para raptar a rainha homossexual das criaturas, enfrenta cefalópodes devoradores dimensionais que absorvem realidades num colectivo com uma ajuda de um Elvis que viaja entre mundos paralelos para eliminar os seus contra-partes e se tornar o único rei, e vai mantendo os quatro cavaleiros do apocalipse abastecidos de cocaína, fast food, prostitutas e jogos de computador para que estes, entretidos, façam orelhas moucas aos pedidos do papa para trazer o fim do mundo.

As histórias são brincadeiras bem humoradas às voltas com os elementos icónicos do género. Já a ilustração de Templesmith é um pouco mais dura de engolir. O ilustrador distingue-se por um estilo saturado que mistura desenho com edição de imagem fortemente texturizada. Funciona espectacularmente em capas e nalgumas páginas, mas no corpo da banda desenhada as vinhetas difusas, pouco pormenorizadas e hiper-saturadas em tonalidades avermelhadas tornam-se cansativas. Wormwood é divertido, com boas ideias exploradas com bom humor, com momentos visualmente deslumbrantes mas cujo grafismo, apesar de único, se torna saturante.