segunda-feira, 22 de julho de 2013

Hitler's Terror Weapons: From Doodlebug to Nuclear Warheads


Geoffrey Brooks (2002). Hitler's Terror Weapons: From Doodlebug to Nuclear Warheads. Barnsley: Leo Cooper.

Para aqueles que insistem que as ficções são insuficientes para despertar a imaginação e combater a banalidade do real há toda uma literatura de conspirações que pretende demonstrar o que julgamos ser real não o é e que a história é um embuste destinado a ocultar portentosos segredos cuja revelação abalaria a espinha dorsal da humanidade. É certo que de conspirações e segredos ocultos, manigâncias políticas passadas longe do escrutínio da imprensa e dos cidadãos, sempre vão existindo mas não chegam para contentar este género de amantes da fantasia pura que sonha com um mundo onde os mais elaborados delírios do ocultismo sejam realidade histórica.

Oscilando entre diatribes escritas por autores com sanidade mental duvidosa e livros de aspecto sério que através de evidências difusas ou de existência discutível tentam provar o improvável, estas obras são para o olhar céptico um curioso divertimento de imaginação crua. Estão num terreno intermédio, pantanoso, entre a realidade histórica e as ficções fantásticas, como se os autores, animados por ideias mirabolantes, fossem incapazes de as transformar em obras de ficção e permaneçam convencidos da sua palpabilidade.

O nazismo é um dos períodos históricos que mais suscita a curiosidade dos amantes das conspirações ocultas. Pululam por aí centenas de obras dedicadas a super-armas secretas, alusões a sociedades secretas e provas de que o nazismo foi um veículo para seres super-humanos dominarem o mundo. Livros normalmente muito mal escritos, cheios de argumentos duvidosos e assentes em provas inexistentes. Mas para alguém como eu, apaixonado pela história e pelas histórias da II guerra, curioso pelas tecnologias com uma costela mal confessa pela aeronáutica e fã de literaturas de género e mundos de fantasia bem construídos, como resistir ao apelo destes livros?

Este em particular foi uma desilusão. Prometia muito - revelações sobre foguetões, tecnologia aeronáutica oculta, ovnis e haunebus, energias exóticas e bombas atómicas (para quem não sabe, haunebus são ovnis nazis alegadamente desenvolvidas em segredo pelas Waffen-SS e não, não há provas reais da sua existência mas tornaram-se num dos grandes mitos dos segredos ocultos do nazismo). Fica-se por um arrazoar de argumentos incompreensíveis e contraditórios e termina num verdadeiro delírio ocultista. Gostei particularmente da defesa que o autor faz da incapacidade alemã de construir uma bomba atómica para dois capítulos depois relatar cheio de certeza que secções secretas das SS detonaram engenhos atómicos no coração da Alemanha. Ideias a reter: Hitler era um títere nas mãos de uma cabala de mestres tibetanos (inserir ponto de exclamação); aparentemente havia planos para lançar mísseis para alvos ingleses e americanos a partir de barcaças acopladas a submarinos (inserir dois pontos de exclamação); foram detonadores alemães capturados no final da guerra que permitiram aos Estados Unidos criar as primeiras bombas atómicas (inserir três pontos de exclamação). Infelizmente, para o meu ponto de vista, pouco é definido sobre os prováveis ovnis. Nessa fase o livro resvala decididamente para a incompreensibilidade. O final é apoteótico, misturando bombas atómicas, conspirações de seres sobre-humanos, energias exóticas e cabalas de mestres ocultistas tibetanos. Quem diria que o Vril de Bulwer-Lytton, um livro menor de ficção científica do século XIX, se tornaria tão influente nas mentes destes teóricos das mirabolantes conspirações. Para os leigos mais curiosos que não desejem mergulhar mais fundo nestas narrativas fabulares de sombras e segredos, recomendo que visualizam a divertido comédia finlandesa Iron Sky, que brinca genialmente com todo o folclore sobre os segredos ocultos da tecnologia nazi.