segunda-feira, 10 de junho de 2013

Fumetti: Greystorm: Padrone Del Mondo; La Battaglia Di Makatea; L'Alba Del Domani.



Antonio Serra, Sergio Giardo, Alessandro Bignamini (2010). Greystorm 9: Padrone Del Mondo. Milão: Sergio Bonelli Editore S.P.A..

Agora revela-se o plano secreto de Greystorm. Depois de pacientemente ter preparado os alicerces do seu poder, dá o primeiro passo para conquistar o mundo. Revela-se a Jason, assassinando-o e raptando a sua filha. Os seus fieis soldados incendeiam a casa da família. Mas algo corre mal. O jovem advogado, apaixonado pela filha de Jason, regressa a Londres acompanhado pelo piloto alemão a quem salvou a vida nas trincheiras e decide fugir com a sua amada no preciso momento em que Greystorm se revela. Não salva a mulher, mas consegue fugir com o seu irmão. Sobreviventes conhecedores do segredo de Greystorm, estes três são os únicos capazes de o travar.

Pensando que não deixou sobreviventes, Greystorm abandona a Inglaterra no seu submarino e prepara-se para soltar a sua raiva sobre o mundo. O primeiro alvo é a ilha de Makatea, alvo simbólico que sinalizará a destruição de todo o legado de Jason. Presa no luxuoso ferro forjado do submarino, a filha de Jason recusa os avanços de um lúbrico Greystorm que a quer para sua noiva e descobre o segredo dos fiéis soldados: são zombies, controlados à distância pela mente de Greystorm.


Antonio Serra, Alessandro Bignamini (2010). Greystorm 10: La Battaglia Di Makatea. Milão: Sergio Bonelli Editore S.P.A..

Este é o momento decisivo: Greystorm e os seus soldados zombie dirigem-se à ilha de Makatea. Para a defender os antigos tripulantes da missão polar, os ilhéus e o filho de Jason com ajuda do advogado e do piloto alemão preparam-se o melhor que podem. O ataque de Greystorm é fulminante mas esperado. Os soldados zombie desembarcam num tanque anfíbio mas são derrotados pelos indígenas. Apesar do superior poderio de fogo, Greystorm descobre que depender de soldados sem cérebro não é uma boa ideia quando se luta contra um inimigo inteligente. O filho de Jason tenta invadir o submarino para resgatar a sua irmã, mas falha perante os implacáveis zombies. Derrotado, Greystorm retira-se para a sua base secreta sob o pólo sul para reparar os danos às suas máquinas de guerra. Este é dos mais empolgantes volumes da série graças ao carácter retro-futurista da tecnologia militar imaginada pelos autores.


Antonio Serra, Alessandro Bignamini, Simona Denna (2010). Greystorm 11: L'Alba Del Domani. Milão: Sergio Bonelli Editore S.P.A..


É o final amargo da saga de Greystorm. Após a derrota em Makatea o filho de Jason vai ao pólo sul no dirígivel reconstruído para salvar a irmã, acompanhado do piloto alemão e dois antigos membros da tripulação da expedição polar. Dentro da base secreta, esta revela o último e mais tenebroso segredo do inventor: bebés zombie que nascem da união dos zombies controlados por Greystorm, que espera assim criar um exército poderoso capaz de aniquilar todos os seus inimigos. Os dois antigos tripulantes oferecem-se fazer explodir o monstruoso berçário, missão suicida que decorre enquanto os filhos de Jason dão caça a Greystorm. A vingança final é dada pela filha, que fere Greystorm com a espada com que este tinha morto o seu pai. Entretanto, um misterioso mamute que parece ser consciente dedica-se a arrasar a base polar, destruindo todos os vestígios da monstruosidade que conspurca a terra perdida preservada sob o gelo.

O final de Greystorm não traz qualquer redenção. Alucinado e ferido, Greystorm afunda-se nas águas gélidas com a múmia preservada no gelo que o dominou. Não há redenção para este personagem complexo, que começou por ser um jovem idealista com confiança cega na ciência, inventor de maravilhas, defensor de utopias que é incapaz de ver os limites morais do progresso. A sua evolução é uma descida às trevas, com o ódio e o despeito a consumi-lo progressivamente. Cada desaire amoroso, cada desprezo da comunidade científica, são passos num caminho que o leva a aplicar a sua criatividade científica para criar perigosos engenhos e um exército de zombies para dominar o mundo.

A série Greystorm é um dos mais interessantes fumettis que já li. A premissa de um jovem inventor idealista que cada vez mais se alheia do mundo e resvala para as trevas e obsessão é desenvolvida com um fortíssimo sabor steampunk. O autor nega a influência, preferindo falar de Greystorm como uma homenagem pessoal à obra de Júlio Verne, com a qual apresenta similaridades, mas a verdade é que o toque steampunk está lá. Nota-se particularmente na ilustração e nos engenhos saídos do génio do personagem. É interessante mas não é perfeita. Tem pormenores absurdos, como a influência psíquica da múmia milenar, outros bizarramente inventivos, como o insecto que transforma as suas vítimas em zombies. A narrativa não é homogénea, oscilando entre momentos fortíssimos e momentos que se arrastam penosamente, mas no todo a construção é sólida e o mundo ficcional intrigante e bem conseguido. Circunscrita ao mercado italiano, esta série merecia uma maior projecção e divulgação. Se Dylan Dog, personagem icónico da banda desenhada italiana, mereceu projecção internacional com um filme, este Greystorm tem pano para mangas para interessantes adaptações cinematográficas. A banda desenhada italiana é um ghetto curioso, onde alguns autores atingiram projecção internacional mas onde a vertente mais popular continua encerrada dentro de fronteiras, quase invisível aos públicos que consomem avidamente banda desenhada, comics e mangá. Greystorm é um exemplo que merecia ser mais conhecido.