
Mark Sable, Julian Tedesco (2008). The Unthinkable. Los Angeles: Boom! Studios.
The Unthinkable
Nos finais dos anos 90 vivia-se uma certa euforia milenarista. Concebíamos um novo século próspero, estimulado pela alta tecnologia, com a promessa de resolução dos problemas que assolam a humanidade ser mais do que um vislumbre e se tornar uma realidade. O 11 de setembro, o impensável, foi uma forte bofetada de realismo. A utopia do ano 2000 converteu-se na visão contemporânea de um mundo violento, em risco de colapso ambiental e económico.
The Unthinkable mexe com estas premissas. O seu argumento socorre-se de ideias como o terrorismo, a perda de liberdades individuais em nome da segurança e as sempre excitantes teorias de conspiração para nos dar uma história que promete ser envolvente. O comic conta-nos as desventuras de Alan Ripley, escritor de thrillers especializado em catástrofes impensáveis. Ripley é contratado por uma agência obscura do governo americano.Em conjunto com uma micro-bióloga especializada em armas biológicas, um geólogo especialista em petróleo, um advogado de topo, um cientista nuclear, um pregador crente no apocalipse e um hacker, Ripley cria cenários de catástrofe impensáveis, onde tudo o que corre mal é o inesperado, o que não entra nos cálculos geoestratégicos dos governos, militares e empresas. O talento de Ripley é pegar nas ideias soltas dos restantes especialistas e criar um cenário coerente, em que terroristas islâmicos destroem campos petrolíferos na arábia com a conivência de empresas petrolíferas, empresas privadas de segurança patrulham as ruas e fazem o trabalho sujo nos territórios onde os exércitos regulares não intervêem, e se sucedem ataques biológicos em clínicas estéticas de botox.
Anós após o encerrar da agência obscura, a premissa impensável de Ripley começa a deseronlar-se. E... quanto ao resto, há que aguardar pelos restantes quatro volumes desta série de 5 comics escrita por Mark Sable e ilustrada num registo gritty por Julian Tedesco, inspirada nos think tanks reais surgidos após o 11 de setembro. O primeiro número é prometedor, e eleva a fasquia para os restantes volumes.