quarta-feira, 20 de maio de 2009

Passou-se, foi?

Jamais Cascio tem credenciais impecáveis no activismo ecológico sustentado pela ciência, a anos luz do activismo ecológico bem intencionado mas sem propostas práticas que ultrapassam a reciclagem, a protecção ambiental ou os discursos anti ciência aplicada. O aquecimento global é um problema global (passe o pleonasmo) e necessita de mais do que declarações de intenções. Só que com este Hacking the Earth Cascio passou-se, fazendo a apologia da geoengenharia... ou talvez não. A geoengenharia começa a ser apontada como uma possível solução para os problemas ambientais, modificando o planeta para combater os efeitos do aquecimento global. É um argumento a puxar para o falacioso: não há remédios rápidos para o mais grave desafio da humanidade. Usar a tecnologia para transformar o planeta não é solução. Esta reside no utilizar a tecnologia para gerar soluções criativas e sustentáveis para os problemas da modernidade. As conversas sobre geoengenharia fazem-me lembrar o Hello America de J.G. Ballard com a sua represa do estreito de Bering. Aliás, o aquecimento global é um belíssimo exemplo de geoengenharia. De qualquer forma, Cascio observa no Open the Future que isto funciona como provocação. Até porque, ainda de acordo com o autor, o futuro está cheio de potencial.

(por outro lado, hackar o planeta é um dos sonhos molhados dos fãs mais hard-core de ficção científica).