terça-feira, 9 de maio de 2006

Leituras

BBC | Three Gorges Dam built by may É um projecto faraónico que deixa o nosso alqueva ou o assuão egípcio a um canto. A barragem das Três Gargantas é o maior projecto hidroeléctrico do mundo, destinado a controlar o rio Yangtze, pondo fim às milenares inundações e gerando electricidade para um país sequioso por energia.

Guardian | Aid staff abusing Liberian children Se o escândalo da Casa Pia nos revolta, com a enormidade da predação sexual levada a cabo por privilegiados sob os corpos dos menos privilegiados da nossa sociedade, o que dizer deste? Multiplicam-se as alegações de exploração sexual de crianças por parte de pessoal da ONU destacado para missões em Àfrica. Há uns meses, falou-se na troca de favores sexuais por comida em campos refugiados. Agora, rebenta o escândalo na Libéria, onde meninas com idades tão jovens como oito anos se prostituem, uma prostituição financiada pelo pessoal da ONU (desde capacetes azuis a funcionários de agências humanitárias).

Guardian | A failing friendship Desdobrem um mapa do médio oriente e procurem um país com as seguintes condições: financiou grupos armados islâmicos que degeneraram nas milicias taliban e na al-qaeda; possui armas nucleares; consegue controlar muito a custo apenas parte do seu vasto território, com zonas inteiras fora do controle estatal; possui um exército gigantesco; envolve-se em guerras sujas nas suas fronteiras; tortura e oprime os seus cidadãos; é governado por uma élite sanguinária; seu nome termina em ão. Enganaram-se; não falamos do Irão, mas sim do Paquistão, um caótico país "aliado" dos americanos na guerra contra o terrorismo que está lentamente a entrar em colapso.

Der Spiegel | Brazil's Pirahã tribe: living without numbers or time Um punhado de trezentos indígenas do amazonas está a colocar em causa as correntes teorias linguísticas: a sua quase incompreensível linguagem não é explicável pelas teorias sobre evolução das línguas em vigor. Os estudos antropológicos trazem conclusões ainda mais fascinantes: os indígenas desta tribo não têm sequer a noção de números (contam de um até mais qualquer coisa) ou de tempo. Não têm tradições orais, não se dedicam a artes. Os indígenas da tribo Pirahã vivem, simplesmente, o seu dia a dai, sem se preocuparem com a passagem do tempo. Há aqui um fino paralelo metafórico com a nossa sociedade mediatizada, cada vez mais preocupada com o efémero e com os prazeres do dia a dia do que nas dimensões do tempo humanos, mas as minhas capacidades metafóricas não são as suficientes para o traçar.