segunda-feira, 1 de maio de 2006

Leituras

Guardian | The origins of democracy A democracia ateniense é considerada o modelo original de poder popular, elogiado e respeitado por todos os democratas. Assentava em critérios de cidadania tão restritivos que deixariam os racistas de hoje em dia escandalizados com tanta xenofobia, assentava numa economia esclavagista, condenava à morte vozes dissidentes (lembram-se de Sócrates?) e tomava por maioria decisões tão acertadas como massacres de habitantes de cidades vizinhas ou desastrosas invasões militares. Mesmo assim, apesar de todas as suas imperfeições, legou ao mundo o menos pior de todos os sistemas políticos.

Boston Globe | Oil Futures Quanto tempo nos resta? Já se disse que o fim do mundo viria nos anos oitenta. Diáriamente são anunciadas novas previsões que aceleram ou adiam o fim do mundo. A ideia que reúne mais consenso é que estamos neste momento num pico - o petróleo ainda existente é perfeitamente capaz de assegurar a produção durante muitos anos, mas a nossa capacidade de o extrair sem grandes dificuldades está a diminuir (hoje começa a extrair-se petróleo em zonas cada vez mais remotas e inóspitas do planeta, bem como a investir-se em processos complexos de extracção de petróleo de areias betuminosas). Os correntes recordes nos preços do petróleo não reflectem ainda a falta de petróleo, embora essa seja uma possibilidade a médio prazo que não deve ser descurada, mas é evitável através do investimento em soluções tecnologicas mais eficientes (energias renováveis e motores mais eficientes). O que está a provocar os preços altos do barril de petróleo é uma conjugação de factores que incluem as brincadeiras atómicas no Irão, o sangrento atoleiro iraquiano, os ataques de rebeldes às instalações petrolíferas na Nigéria, as políticas bombásticas do novo caudilho venezuelano, e uma subida inusitada nas necessidades de petróleo por parte da India e da China.

Creio que estamos a viver numa encruzilhada preocupante, mas ainda vamos a tempo de utilizar o nosso saber tecnológico para criar um futuro radioso. Falta-nos a vontade de o fazer, mas os sinais são cada vez mais claros: ou mudamos, ou aniquilamo-nos.

Guardian | US brands Iran enemy nº 1 Ironias da história: um dos argumentos americanos para a invasão do Iraque foi o perigo nuclear representado pelo regime de Saddam. Três anos depois, com o regime derrubado, o país em guerra civil, e uma ocupação americana de objectivos imprecisos que atolou o mais poderoso exército do planeta nas areias do deserto, desvenda-se o verdadeiro perigo nuclear, sob a forma das ambições cataclísmicas dos mullahs iranianos. Só para referência, o iraque nunca chegou a possuir armas nucleares.