Do lado de fora da janela ruge um dia fabuloso, solarengo e de céu azul salpicado aqui e ali por uma nuvem ou outra, e que faço eu? Estou enclausurado no atelier às voltas com avaliações e relatórios, parâmetros e notas explicativas, apreciações e planificações. É toda a panóplia de papeis que o director de turma que se preze tem de ter perfeitinha a tempo e horas, para que seja aprovada e colocada no dossier próprio. Final de período, começa a correria das avaliações, que é a época mais negra do ano para um director de turma. O que me salva é a voz sensual e arranhada de Billie Holiday num suave registo jazz-pop dos anos 30.
Para aqueles que estão como eu enclausurados à frente do teclado a tentar que o cérebro crie novas associações de palavras em eduquês aperfeiçoado versão 2.9, dedico a imagem do dia: Reminiscência de um Jardim, de Paul Klee, o mais lírico dos pintores abstractos do princípio do século XX que tiveram a coragem de revolucionar a arte durante os loucos anos 20. 1920, claro, que para 2020 ainda faltam uns cada vez menos anos.
