quarta-feira, 2 de novembro de 2005
Post Script
Há já uns tempos que não escrevia um post script. Tal como há já alguns tempos que não escrevo um fio do horizonte, ou uma imagem do dia. Começa-se a trabalhar, e as rotinas diárias do percurso casa-escola roem-nos inexorávelmente o tempo para as coisas boas da vida. Deixa de haver tempo para desenhar, deixa de haver tempo para passear pela vila de máquina fotográfica em punho em busca de fugazes horizontes recortados contra o casario. O mau tempo que se fazia sentir no mar esta tarde, com um horizonte cheio de ondas alterosas que varriam as praias, teria dado umas belas fotos para as linhas do horizonte.
Razzle Dazzle Camouflage Navios modernistas. Em plena primeira guerra mundial, os submarinos alemães afundavam qualquer coisa que flutuasse no atlântico. Uma das estratégias aliadas para superar o flagelo (para além da invenção das cargas de profundidade) foi camuflar os navios... com padrões inspirados na arte moderna. A lógica era que uma vez que a aquisição de alvos por parte dos submarinos era feita visualmente, através do periscópio, os marinheiros se enganassem, confundidos com a camuflagem, e os torpedos falhassem os alvos. Imaginem-se em pleno atlântico, céu azul, ar fresquinho, ondulação enjoatória, em 1915 ou 1916, a bordo de uma pintura de Mondrian ou Malevich. Infelizmente não existem fotografias a cores destas abstracções náuticas - apenas sobram quadros, desenhos e os planos de aplicação da camuflagem.
The Worst Jobs in Science Os dez piores empregos na ciência. A partir de agora, sempre que os alunos estiverem numa daquelas fases más em que nada entra naquelas cabeças e tudo o que sai é asneira, vou deixar de desesperar. Há empregos para licenciados muito piores que os meus. Lembrem-se, naqueles momentos desesperantes em que temos vinte e tal alunos dentro de uma sala de aula aos pulos, que mesmo assim estamos melhor do que o pobre diabo que se licenciou em biologia e agora passa o tempo a... recolher a urina dos macacos na selva. Ou o pobre inspector sanitário de... esterco.
Pois. "It's a dirty job, but someone's gotta do it".
1,000lb Butter Sculpture Of Darth Vader And Yoda especial para o Turmentus. Eu, pessoalmente, gosto muito de ficção científica, o que significa que abomino todo o fenómento Star Wars. Francamente. Sabres Laser? Toda a gente sabe que os lasers têm um comprimento infinito - foi assim que se descobriu a exacta distância da terra à lua, com um laser apontado a uma placa deixada por uma missão apollo. Foi só medir o tempo que o raio laser demorou a chegar à terra, reflectido pela placa, e dividir por dois. Isto sem esquecer que um laser não é um feixe paralelo ad infinitum - abre-se com um diâmetro que aumenta com a distância.
Ok, confesso que até gosto dos filmes da série. CGI e efeitos especiais brilhantes, uma história intemporal e toneladas de referências a clássicos do cinema, banda desenhada e ficção científica como Buck Rogers, Doutor Estranhoamor de Kubrick, Doktor Mabuse e Metropolis de Fritz Lang e a todas as séries de aventuras espaciais perfeitamente inverosímeis serializadas entre uma feature com Jane Mansfield e um western com John Wayne à mistura com cartoons do Bugs Bunny que pululavam nos cinemas americanos antes da popularização da televisão. É como um outro mau filme, O Dia da Independência que vale a pena ver só para contar as referências aos clássicos de série B. Só não chamem à Guerra das Estrelas de ficção científica. Não tem nada a ver.
Aviso: não só não me responsabilizo por cozinhas transformadas em zonas de guerra como também declino responsabilidades que tenham a ver com indigestões ou intoxicações alimentares produzidas através da confecção das receitas culinárias que passam a temperar este blog. Experimentem por vossa conta e risco.