Isto já chateia. Este frio que enregela os ossos está a ver se me deita abaixo com mais uma gripezeca. Mas aos vírus, faços minhas as palavras da La Pasionária: "No Pasaran!". De qualquer maneira, bem vistas as coisas, vou mas é enrolar-me num cobertor, com um bom cházinho (o oolong ainda não se acabou, senão vai tarry lapsang soochong) e um bom livrinho - se calhar o Ubik, se calhar o Art and Illusion do Gombrich (este é para ver os desenhos). Não me posso esquecer dos providenciais químicos - vitamina C e comprimidos anti-gripais. Nada de produtos naturais para curar as minhas maleitas.
A música será essencial para a minha recuperação. Sugiro-me as Gnossiennes de Satie (talvez demasiado melancólicas), a 5ª de Shostakovich (mas com essa não consigo parar quieto) ou a Sheherazade de Rimsky-Korsakov. Em desespero de causa, posso sempre dedicar-me a ouvir as únicas peças musicais sobre as quais é um elogio dizer que provocam sono - as variações goldberg de Bach (são um conjunto de obras para piano compostas por Bach com o fim expresso de acalmar as insónias de um nobre alemão). Estou outra vez a passar uma onda clássica, bem sei... combina com o inverno que se entranha, com a escuridão que se aproxima, com o cinzento das nuvens e com a luz fria do sol.