Podem consultar aqui a proposta para orçamento de estado para o próximo ano. Ainda não li, mas tenho de realçar estas duas pérolas: o aumento do imposto sobre os combustíveis, e o aumento do imposto sobre o tabaco.
O primeiro sobrepõe-se ao agravamento constante dos preços dos combustíveis que os nossos bolsos tem vindo a suportar. É um aumento que faz todo o sentido, num país em que os transportes públicos mal funcionam fora das grandes cidades, e quase todo o comércio e emprego está direccionado para o uso do automóvel. Para perceberem isto, basta convidar os professores a irem a pé para a escola. Especialmente aqueles que têm de se deslocar mais de 50 km todos os dias. Ou tentem ir ao supermercado de autocarro.
A desculpa do segundo aumento é que nos obrigará a deixar de fumar. Esse é um argumento falso, por uma razão muito simples: o tabaco é um vício. Quem fuma não vai deixar de o fazer só por causa de um aumento de preços. Vai continuar, como sempre fez até agora, a fumar. Esta medida só é saudável para os cofres do estado. E se pensam que não é bem assim, que agora é que vão deixar de fumar, uma perguntinha: lembram-se de quando os maços de tabaco a 200$ (equivalente a 1€) eram caros? E então, caros fumadores, deixaram de fumar quando eles aumentaram?
Sabemos que o país está em mau estado, mas deixo a pergunta no ar: confrontados com aumentos de preços, de inflação, com salários congelados ou quase, e impostos cada vez mais pesados, porque será que o governo ainda aposta em nós para pagar a crise?