segunda-feira, 1 de agosto de 2005

Tu!



Prosseguindo com uma política de criatividade nula, cá vai um poema à minha cadela, roubado a um anuncio de comida para cães. Se tenho que criar um post em que falo da minha cadela, é porque ando mesmo desesperado por um assunto para blogar. Isso, e o post sobre o Houellebecq que já se está a alongar tanto que parece um ensaio.

Tu

Tu és um saco de pulgas.
Tu nunca tiveste um minuto de trabalho.
Tu lambes a cara de desconhecidos
com a única intenção de me envergonhar.

Por vezes, tresandas como uma manta
velha, mal cheirosa e húmida.

Não és apenas daltónico,
tu nem sabes distinguir
uma carpete de um sofá.

Tu finges que achas a palavra
"não" incompreensível.
Tu insistes em partilhar o teu desafinado
latido com a vizinhança inteira.

Por alguma razão, tens medo de estátuas.
As estátuas põe-te louco.

Tu não tens vergonha nenhuma.

Tu és a coisa mais preguiçosa, suja
teimosa e presunçosa que conheci
em toda a minha vida.

Mas eu acho que és perfeito.


Na verdade, quem tem um cão percebe bem a eficácia desas palavras.