terça-feira, 22 de abril de 2025

Edens Zero


Hiro Mashima (2024). Edens Zero #1. Lisboa: Penguin.

Dada a explosão do mangá no mercado português, com um número crescente de títulos e editoras, combinado com a minha cada vez mais implacável falta de tempo, confesso andar muito arredado de novidades editoriais. Peguei nesta, para experimentar e porque precisava de uma leitura de baixo esforço intelectual (não interprentem como insulto, esta vertente de mangá é intencionalmente simples, é essencialmente de entretenimento). Seduziu-me a premissa, onde uma jovem criadora de conteúdos vai a um planeta de robots, antigo parque de diversões, para fazer vídeos e cruza-se com um rapaz, o único humano no planeta. Suspeitei que havia aqui algumas glosas quer à cultura pop, quer às culturas de influência digital, e arrisquei.

Saiu-me algo muito bizarro, como só os japoneses conseguem. Uma história a alavancar-se para saga, um mundo ficcional surreal, e algumas surpresas narrativas. Há um toque de humor creepy na relação entre um rapaz que como só conviveu com robots, não sabe estar entre humanos e a rapariga que quer ser famosa e passa a vida a filmar conteúdos com o seu gato. As peripécias são bizarras, começam pela aparente expulsão do rapaz pelos robots que ele considerava como amigos, e de facto eram-no, mas fingirem tornar-se inimigos foi a forma que os mecanismos inteligentes encontraram para fazer com que o rapaz largasse o que sempre conheceu e fosse à sua vida; até ao mergulho num mundo ficcional onde pululam influencers, há piratas espaciais e uma figura tutelar, apelidada mãe, que parece viver no interior de um enorme dragão espacial. Tudo contado num estilo manga muito formal, dentro da norma estética do género. 

Nada como os japoneses para tirarem partido do mais puro nonsense no entretenimento mais simples.