Jorge Alarcão (1974). Portugal Romano. Lisboa: Verbo.
Guardando as devidas distâncias, dado que a edição é antiga e entretanto o conhecimento histórico e arqueológico já efetuou mais progressos, este é um livro abrangente que nos traça o panorama do que foi o nosso território na era romana. Traça a história da progressiva conquista romana das tribos que habitavam o espaço ibérico à invasão das tribos bárbaras. Mostra-nos a rede urbana romana, com as vias que a interligavam, e os espaços rurais que a sustentavam. Mostra, também, a coexistência de diferentes cultos religiosos, entre o culto imperial, a veneração aos deuses romanos, a sobrevivência e sincretismo das divindades das tribos pré-romanas que foram incorporadas como aspeto dos deuses colonizadores, e a influência dos cultos orientais, com especial destaque para o mitraísmo.
Há uma certa ironia que nós, como povo colonizador que fomos, definimos grande parte do nosso caráter por termos sido romanos. Mas nunca o fomos, realmente, fomos povos e territórios colonizados por Roma, que nos legou cultura, leis e monumentos que ainda hoje valorizamos. Li de passagem, algures, que o império romano nunca nos deixou, realmente. A história mostra que foi absorvido pelas invasões bárbaras, mas os herdeiros do império, os povos colonizados, tornaram-se posteriormente colonizadores e espalharam a base da cultura clássica, legada por Roma, pelo mundo. O seu fascínio e influência ainda hoje perduram.