Georges Bataille (1973). Madame Edwarda, O Morto, Histório do Olho. Edições António Ramos.
Confesso alguma dificuldade em compreender o erotismo destes textos, transgressivos a um ponto que traria alguns rubores a De Sade. A menos que se considere um chafurdar na decadência extrema como uma experiência sensorial excitante, e certamente haverá quem assim se sinta. Estes textos de Bataille são notáveis pela sua emulsão das repulsas, pelo comprazer no imaginar da degradação, pela fantasia de extravasar todos os limites do chocante. Se Madame Edwarda e O Morto têm o sabor da decadência promíscua, História do Olho é um merulho surreal nos extremos da fantasia perversa. Se me senti imune ao lado erótico destes textos (lamento, não são a minha cena nesse aspeto), seduziu-me o seu intenso surrealismo.