terça-feira, 19 de março de 2024

The Final Girl Support Group


Grady Hendrix (2021). The Final Girl Support Group. Nova Iorque: Berkley. 

Suspeito que tenho de me deixar de ir descobrir as recomendações de novos autores de leitura fantástica que vejo no TikTok (sim, afirmo e assumo sem vergonha, sou viciado em booktoks). Não é que sejam más sugestões, ou maus autores. É mais pela superficialidade das obras, e a tendência para engoradar o comprimento de histórias que depressa se percebem por onde vão. São leituras divertidas, mas a encher muito chouriço, e raramente sem passar disso, de uma leitura divertida. Nada contra, faz parte do panorama literário, mas como leitor, não me enche as medidas.

Este livro é um típico exemplo dessas recomendações. Seduziu-me a ironia da premissa. Imaginem que as final girls eram um fenómeno da vida real, sobreviventes de ataques violentos de assassinos psicopatas, e não, como sabemos, personagens de filmes slasher clássicos dos anos 80 ou dos seus insossos remakes do século XXI? Com os correspondentes frenesis mediáticos de negócios literários e cinematográficos, bem como o eterno interesse sensacionalista que as vítimas sobreviventes despertam. E, não esquecer, o submundo macabro dos colecionadores de memorabilia criminal, tão interessados nos vestígios das final girls com nos dos psicopatas.

A premissa é divertida, e desenvolve-se num livro onde uma final girl se vê vítima de uma conspiração. As outras final girls que conhece começam a ser vítimas de assassínio, e a sua vida recatada e defensiva de vítima traumatizada é assoberbada por uma sucessão de peripécias onde tudo corre mal. Ou seja, é um tipico criminal procedimental contado sob o ponto de vista da vítima, reminiscente dos velhos slashers mas a ser uma história de crimes e conspirações.

A leitura é engraçada, mas arrasta-se. Os constantes volteios da história não são justificados pelos seu nível de complexidade. As personagens são estereotípias, algo que faz sentido neste tipo de livro. Acaba por ser uma obra que pende para o entretenimento, para o ler e depressa esquecer. Diverte, mas é fundamentalmente inconsequente.