Esta semana, destacam-se as melhores festas do mundo, sugestões de leitura e o retrobaiting. Olha-se para o ideário da génese dos computadores, geração de CAD via texto, e uma corrida tecnológica europeia em que nós não entramos. Reflete-se sobre os conflitos no mar vermelho, a importância geoestratégica dos pontos Lagrange, e os antecedentes da culturam de fandom.
Ficção Científica e Cultura Pop
Gateway To Paradise: Cenas old school.
O que traz 2024 para o terror português?: Confesso que fiquei intrigado com o surgir de uma revista portuguesa dedicada ao género.
La noche de la esvástica, una distopía aterradoramente presciente sobre el fascismo y los imperialismos: Desconhecia este livro, particularmente notável por ser uma distopia sobre o medo da vitória nazi na II Guerra, escrito e editado antes da guerra rebentar.
And Now… Parties Where People Get Together And… Read: Hey, uma festa onde nos sentamos, lemos e falamos sobre o que lemos? Bem, isso é mesmo a minha ideia de festa perfeita.
Gyo – Junji Ito: Análise a uma das séries clássicas de Ito, ainda inédita por cá.
Is The Publishing World Finally Getting Over Goodreads?: Sou utilizador assíduo do Goodreads, para registar leituras e as minhas notas, mas não passo daí. Nem dou conta de todos estes dramas, review bombs, nem da obsessão dos editores pelas classificações do site. O que não é nada boa ideia, a abertura da cultura online, como já há muito percebemos, traz ao de cima o pior em muitos, e a noção muito romântica vinda do virar de século, da wisdom of crowds, tem-se revelado um pesadelo.
Los mejores libros sobre tecnología: 12 recomendaciones de los editores de Xataka: Sugestões de leituras sobre temas tecnológicos. A primeira é francamente dispensável.
Os “Retrobaits” digitais aproveitam-se da tua infelicidade atual para coletar os teus dados: Análise demolidora a uma das mais irritantes tendências da cultura pop, o cultivo da cultura de nostalgia. Que se reflete nestas estéticas retro de redes sociais, mas também na estagnação cultural pop, cada vez mais mergulhada em remakes, sequelas e prequelas, remexendo constantemente o que já existe, fomentando um mercado de merchandising nostálgo que leva à exaustão o gosto dos fãs. É aí que está o dinheiro fácil para os interesses financeiros que vivem da propriedade intelectual. Para quê esforçar-se por criar algo novo, quando é tão lucrativo recauchutar o que já existe?
Regressar a Saga em 2023: Tive os meus recontros com esta, bem, saga, mas não me tornei fã. Apesar de perceber o brilhantismo dos criadores, não mergulho em séries cuja longevidade roça o interminável.
A curse of Roses – Diana Pinguicha: Tenho este livro na lista de leituras, intriga-me a premissa de fantástico partindo da história portuguesa. Desconhecia que já tinha sido editado em português, depois da primeira edição internacional.
The best books we read in 2023: Mais sugestões de leitura? Claro, nunca são demais.
Tecnologia
Is Your Sex Fetish Normal?: Ah, capas de revistas masculinas dos anos 50. Aprecio particularmente o homoerotismo latente na capa.
Retrotechtacular: 1960s Doc Calls Computers The Universal Machine: Dei por mim fascinado a ver este documentário. Especialmente pela lógica da sua reflexão, sobre o potencial dos computadores na gestão de informação, mas que embora acelerem o que se pode fazer, não retiram o ónus aos humanos de compreender os sistemas, informações e decisões programadas. O que mais fascinou é como todas as observações sobre o computador e o seu potencial espelham, hoje, o discurso que temos sobre a inteligência artificial e suas aplicações.
Multi-View Wire Art Meets Generative AI: Ah, criar aquelas complexas ilusões ópticas onde um emaranhado díspare de objetos, num único ponto de vista, se torna um objeto coerente, acabou de ficar mais fácil, graças à Inteligência Artificial.
Explore Neural Radiance Fields in Real-time, Even on a Phone: No meu caso, a prometida melhor capacidade de visualização não se concretizou, mas suspeito que a ligação à internet que usei no momento em que experimentei seja a culpada disso. De qualquer forma, esta demo impressiona, e agora é ver quanto tempo demorará a ser implementado pelas aplicações que já usam NeRFs.
Las grandes mentiras sobre la batería de tu smartphone: siete mitos comunes para olvidar: Ainda estamos muito presos aos traumas das baterias antigas. Como digo aos meus alunos: se a bateria do dispositivo perde capacidade muito depressa, ou já está no final da sua vida útil, ou alguma app está em consumo excessivo, ou a bateria tem uma anomalia.
Jesus Versus the Romans: Vá, uma boa prenda de natal em emulação Spectrum, para ser levada com bom humor.
Facebook se está llenando de imágenes robadas creadas con IA. Sus usuarios creen que son reales: O ue não surpreende, e isto não é um comentário sobre as capacidades dos utilizadores do Facebook. Os geradores de imagens são capazes de produzir resultados cada vez mais realistas, não é fácil distinguir o real do gerado.
The worst technology failures of 2023: Os piores exemplos da hubris tecnológica, desde produtos de dúbia utilidade aos verdadeiramente desastrosos.
Introducing Text-to-CAD: Confesso que esta não esperava, um gerador de CAD capaz de gerar objetos CAD a partir de prompts.
Todos los competidores europeos del Miura 5, ordenados de grandes a pequeños en un estupendo gráfico: Um deitar o olho a este gráfico revela mais um comboio que Portugal perdeu. Por cá fala-se, investe-se dinheiro em iniciativas que geram discursos bonitos mas poucos resultados práticos. Além fronteiras, faz-se. E certamente com o envolvimento de engenheiros e cientistas portugueses que são bem preparados cá, mas só lá fora conseguem fazer o melhor do que são capazes.
The chroniclers of the crypto collapse: Um texto que é em simultâneo uma análise às problemáticas das criptomoedas e um excelente exemplo de análise literária. Apesar do potencial, as criptomoedas são terreno fértil para vigarices e tropelias. No tom literário, há que admirar a picada de “estenógrafos de celebridades”, que assenta como uma luva nalguns autores que se especializam em biografias acríticas, Isaacson sendo o mais notório.
Game Over: The Tech That Died in 2023: Os produtos e serviços que se extinguiram no ano passado.
Nonprofit Code.org sues Byju’s unit WhiteHat Jr over payment dues: É de notar que a intuição de Papert no final dos anos 60, sobre crianças e programação, se tornou hoje um modelo de negócio.
Modernidade
No Law Below Zero: Aventuras palpitantes no distante norte.
Breaking News: Chinese, Iranian and Indian Warships Are Now in the Red Sea, Gulf of Aden: Partilho com as devidas distâncias, pelo seu nome percebe-se o viés do Naked Capitalism, e ter como fonte a infoesfera russa não garante isenção. Mas assinala-se mais um ponto quente global, a envolver marinhas europeias, americana e chinesa no mar vermelho, em reação aos ataques dos rebeldes iemenitas à navegação como retaliação pelo massacre israelita em Gaza. Ter um CBG americano, rebeldes obedientes ao Irão, chineses e influência russa num mesmo espaço é receita certa para um potencial desastre. É impossivel náo sentir um certo ar a 1939, em moldes diferentes, claro. Temos a agressão imperialista russa na Ucrânia, a reação extrema israelita ao terrorismo do Hamas, a limpeza étnica em territórios arménios levada a cabo por um Azerbeijão que age com a complacência russa, europeia e americana (o território é uma plataforma para as empresas ocidentais e o petróleo russo contornarem as sanções à Rússia), as tensões sobre Taiwan e a de facto guerra comercial e ideológica entre a China e os EUA. Futuros historiadores conseguirão ver os fios que ligam estes pontos quentes. Este fim de primeiro quarto do século XXI está a revelar-se agreste.
El Congreso de Estados Unidos presenta un plan para dominar a China en el espacio. Consiste en colonizar los puntos de Lagrange: Não significa necessariamente estações espaciais, basta o estacionar de sondas e satélites. Na guerra surda de concorrência global, o espaço translunar está a revelar-se território estratégico.
The Unending Evolution of Nativity Scenes: Confesso que gostaria de ver nesta lista de representações da natividade os presépios barrocos portugueses, mas hey, não se pode saber tudo.
This Artist Used A.I. to Create a Y2K-Era Teen Magazine. ‘Yummy’ Will Take You Back—and Make You Cringe: O elemento mais interessante na IA Generativa não é a sua suposta (e inexistente) capacidade criativa per se, ou o conseguir gerar coisas realmente novas (não consegue). É a forma como podemos questionar e remisturar as iconografias e estéticas do passado, obtendo resultados inesperados.
Why Wagner Isn’t Canceled (Despite Everything): Um bom exemplo de honestidade intelectual. Não precisamos de negar as conotações negativas da vida e obra de Wagner para as apreciar; e, igualmente, não temos de seguir o caminho simplista da rejeição total. O caminho intelectualmente honesto é mais difícil, mas assume os vários lados da história.
The Reaction Area: Consequências imprevisíveis da forma como gerimos os resíduos gerados pela sociedade contemporânea.
The Invisible Forces Behind the Books We Read: Uma análise aos efeitos da concentração excessiva da edição literária, agora domínio de umas poucas mega-editoras que se dividem em chancelas virtuais.
Bilhetes ocasionais de metro e carris vão aumentar: Sem dúvida, um convite ao incentivo ao uso de transpotes públicos. Eu sou utilizador ocasional, tento deixar o carro à entrada da cidade quando vou a Lisboa, mas francamente, bastam mais de duas viagens de metro num dia para que se torne economicamente mais atrativo trazer o carro para dentro da cidade.
What Fandom Has Become (Courtesy The Internet): Recordar que este fenómeno já antecede, em muito, o corrente frenesi digitalmente alimenatado, e mercantilizado.
THE EMOTIONAL LIFE OF POPULISM: Um movimento que se alimenta de medos e do acicatar de ódios, construindo uma falsa realidade que seduz os seus apoiantes.
The Chaos of Early Christmas Cards: O passado é um lugar bizarro.
Por primer vez en la historia hemos charlado 20 minutos con una ballena. Es mucho más importante de lo que parece: Isto é intrigante, embora tenha sido mais repostas de baleias a gravações de cantos de baleia. Claro, fica-se logo a pensar que podemos trocar impressões com uma baleia, mas isso não é o que esta experiência permitiu.