domingo, 14 de janeiro de 2024

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Esta semana, destacam-se os filmes noir, o melhor cinema fantástico, e a cultura da nostalgia. Olha-se para o ataque da UE ao scroll infinito, lock-in na reparação de comboios, e a limitação de acesso aos dados que caracterizam a internet. Reflete-se sobre memes, bioarte e a sabotagem do NordStream. 

Ficção Científica e Cultura Pop

70sscifiart: Noriyoshi Ohrai: Inimitável.

Scottish politician resigns over "sexy" "Satanic" novels: Notas de puritanismo exacerbado. A ironia, é que o político em questão não vive nenhuma vida dupla como legislador de dia e escritor de fantasias satânicas nas horas vagas.

11 Must-See Film Noir Movies: Uma lista de filmes noir clássicos, com os suspeitos do costume (obviamente, A Touch of Evil de Welles), e outras boas descobertas vindas da negritude dos anos 50.

The Best China Books of 2023, recommended by Jeffrey Wasserstrom: Cinco livros para compreender melhor a China contemporânea.

5012) A palavra obrigado: Por cá, também já apanho com o "gratidão" em vez do habitual obrigado. O que soa ridículo, a palavra gratidão tem uma conotação demasiado forte para os atos simples do dia a dia que nos levam aos obrigados correntes.

The 20 Best Sci-Fi, Fantasy, and Horror Films of 2023: Leituras de fim de ano implicam as inescapáveis listas do melhor da cultura pop. Por mim, barbenheimer.

Disney Adults: cómo los parques se están llenando de adultos sin hijos que se dejan el sueldo en nostalgia: A nostalgia sempre foi um mercado, mas nestes tempos hipercapitalistas, a coisa anda ao rubro. Do meu ponto de vista, é problemático e traz estagnação à cultura pop. Quando as multinacionais que dominam as propriedades intelectuais se focam em repetir ao máximo as velhas estéticas, para garantir o fluxo de dinheiro dos fãs mais velhos com rendimentos disponíveis, a cultura pop não se renova, não evolui, o espaço para algo novo e gerador de novos gostos é muito diminuto.

A Guerra Não Tem Rosto de Mulher: Histórias do papel da mulher na frente leste, ou a guerra patriótica de sobrevivência russa face à invasão alemã.

What Hacking Looked Like in the “Hackers”: Este é um daqueles filmes clássicos, que confesso não perceber como é que não se tornou de culto, pela forma icónica (mas algo longe da realidade) como retratou o hacking. Pensem tron, mas em modo gritty cyberpunk.

Tecnologia

“Starblazer” #48, 1981: Hail the overlords!

Quest owners can use Word in VR, but do you really want to?: Se há coisa que me ultrapassa por completo, é a transposição do software de produtividade para Realidade Virtual. Invoca logo pesadelos cyberpunk de servos acorrentados aos HMDs, labutando em documentos e folhas de cálculo. 

El gran éxito de TikTok e Instagram es engancharnos mediante el "scroll infinito". Y la UE le ha declarado la guerra: Faz sentido. O deslize infinito é um dos mais insidiosos dos muitos mecanismos que os designers de apps têm ao seu dispor para manipular a nossa atenção. Isto tem de ser legislado.  O discurso moralista da auto-regulação e disciplina individual não cola. Reparem, quando estamos a usar estas apps, somos nós versus um exército de pessoas cujo trabalho é refinar ao máximo mecanismos de captura de atenção. Como coloca bem o texto, "No hay autodisciplina que pueda vencer frente a los trucos de las grandes tecnológicas, impulsadas por ejércitos de diseñadores y psicólogos para mantenerte pegado a la pantalla." É por estas, e por outras, que a demonização do uso dos telemóveis é muito contra-producente. Enquanto nos distraímos a agoirar o apocalipse civilizacional via smartphone, não analisamos o que é que torna o seu uso tão aditivo. E enquanto clamamos por soluções vistosas tipo "escolas livres de telemóvel", está-nos a passar ao lado a verdadeira necessidade, de responsabilizar aos reais responsáveis, e legislar o cerne do problema.

Trains were designed to break down after third-party repairs, hackers find: Brilhante, no pior dos sentidos, esta história sobre hackers polacos que ajudaram uma empresa de manutenção ferroviária a perceber porque não conseguiam reparar determinados comboios. A razão envolve software que bloqueia funções do equipamento com base na geolocalização do mesmo, paralisando-o se os dados do GPS indicassem que estavam em oficinas da concorrência. Ou seja, o fabricante criou um sistema que prejudica o comprador caso este opte por reparar os seus comboios noutra empresa que não a fábrica original. A cereja em cima do bolo? O fabricante veio a público desmentir que tem essas práticas (oh, que surpresa!), e colocar as culpas disto num ciberataque.

The Rise and Fall of the ‘IBM Way’: Um olhar para a história da IBM, essa empresa determinante para o mundo digital. Que também nos recorda que os mitos da tecnologia não se sustentam na realidade. O fortíssimo investimento da empresa no dealbar da computação pessoal foi fundamental para o desenvolvimento do computador pessoal, ao contrário do que os crentes na teoria dos génios lutadores na garagem nos querem fazer crer. Uma lição que está bem patente hoje, no desenvolvimento das tecnologias de Inteligência Artificial. Contrariando a narrativa de OpenAI e similares, o que está a acontecer hoje só é possível graças a um tremendo investimento financeiro, e infraestruturas, que só estão ao alcance dos gigantes da economia digital. Ou ainda não se perguntaram porque é que os desenvolvimentos na IA não vêm de universidades, mas sim de investigação na Google, OpenAI (financiada pela microsoft) e Meta?

Why It’s So Hard to Search Your Email: As agruras de soltar algoritmos em datasets restritos.

Threads is officially starting to test ActivityPub integration: Tenho visto reações mistas no fediverso. Por um lado, a adoção é positiva, porque permite interoperabilidade, que os utilizadores de outras redes do fediverso interajam diretamente com os da Threads, e vice versa. Por outro lado, a Threads é uma extensão da Meta, traz consigo uma forte carga de utilizadores e conteúdos. Teme-se que muitos dos servidores que sustentam o fediverso (recordem: geralmente iniciativas pessoais, ou de pequenas organizações sem grandes recursos) sejam sobrecarregados pelo tráfego vindo da Threads. O que daria um argumento a favor dos que são contra a abertura e a favor das gaiolas douradas, porque afirmam que só a capacidade de um gigante da internet permite dar-nos acesso de qualidade aos conteúdos. Vamos ver.

35 Years Ago, Researchers Used Brain Waves to Control a Robot: Assinalar o momento dos primeiros passos do que se viria a tornar o campo dos interfaces cérebro-máquina.

Nobody Knows What’s Happening Online Anymore: Não no sentido de caos, e rebaldaria. Mas sim no sentido de numa internet balcanizada em gaiolas douradas empresariais, não há acesso aos dados de utilização para investigadores e academia.

Microsoft cambia las reglas de juego para los usuarios de Windows con impresora: adiós a los controladores de terceros: Confesso, a primeira impressão foi de mais uma tropelia da Microsoft. Mas na verdade é um bom passo. Em vez de uma disparidade de controladores, um standard comum e aberto.

2023 in social media: the case for the fediverse: De facto, 2023 foi o ano em que o universo social federado coemçou a chegar aos olhos do grande público, em larga medida pelo colapso do Twitter. Resta saber se vai continuar a crescer, ou se as mega-corporações que nos encerram nas suas gaiolas vão conseguir reverter esta tendência.

Modernidade

Shigeru Komatsuzaki: Opera espacial.

Best Apps to Create Short Movies: Aplicações úteis para editar vídeo, em diversas plataformas.

'42/6 - 1.8 e a revolta da Inteligência Artificial: Mais uma nota de ficção especulativa vinda do Setenta e Quatro, imaginando futuros de recuperação das consequências das alterações climáticas. E a tocar numa ideia curiosa: se se as IAs decidissem combater a humanidade porque o aquecimento global coloca em perigo a infraestrutura que depende para existir? 

The Memes That Carried Us Through 2023: É sempre divertido mergulhar na fugaz cultura dos memes.

The Most Consequential Act of Sabotage in Modern Times: Recordar a sabotagem do Nord Stream 2, ainda hoje envolta em mistério e teorias antagónicas sobre quem teria mais a beneficiar com este ataque perpetrado por desconhecidos.

The Ends Of Sleep: Não é novidade. O neoliberalismo vigente procura maximizar o lucro em todos os níveis. Se o descanso não é gerador de riqueza, há que o colonizar.

Odd? More Than 1,200 Scientists Are Now Publishing New Research Papers Once Every Five Days On Average: Ciência a metro, ou ciência a martelo?

Nuclear Threats Are Looming, And Nobody Knows How Many Nukes Are Out There: Se já passámos aqueles medos de aniquilação nuclear mútua por potências globais, de certa forma nos dia de hoje a situação é mais perigosa. Entre as potências tradicionais e os países que apostam no desenvolvimento destas armas, é preocupante saber que não se sabe ao certo quantas bombas existem. E, recordem, basta uma detonar para as consequências serem de extrema gravidade.

Can Ukraine Clean Up Its Defense Industry Fast Enough?: Os problemas da guerra na Ucrânia estão a ser agudizados por corrupção na indústria militar.

Bio Artists Face an Uncertain Future: Entre cortes de universidades que sustentam laboratórios mas perante cenários de menor financiamento optam por canalizar verbas para outros recursos, às questões éticas levantadas pela manipulação de organismos vivos.