domingo, 22 de outubro de 2023

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Esta semana, destacamos uma estafada discussão sobre Star Wars, desvanecimentos milenares e as Lendas Japonesas de José Ruy. Olha-se para o que sustenta o doomscrolling, tecnologias fotónicas, e a eterna sobrevivência do livro físico na era digital. Reflete-se sobre ficções climáticas a tornarem-se reais, a progressiva irrelevância das redes sociais, e refeições dos trilobitas.

Ficção Científica e Cultura Pop

kirbywithoutwords: Journey into Mystery #115: Cenas violentas.

Já sabemos quando vai estrear o novo filme de Hayao Miyazaki em Portugal: Já sabemos o que é que vamos fazer em novembro, não sabemos?

Decidir de una vez por todas si 'Star Wars' es ciencia ficción o fantasía no es tarea fácil. Pero vamos a intentarlo: Oh bolas, outra vez a velha discussão. Que é interminável. Star Wars não é ficção científica hard, pura, e está cheia de referências, decalques e piscadelas de olho a outros géneros. É talvez por isso que apesar do seu simplismo e idiossincrasias, a saga tenha uma tão elevada popularidade.

Amadora BD 2023 revela programação e convidados: A programação do Amadora BD já está disponível. O espaço continua o mesmo (sou só eu a achar aquele skate park com pavilhões em cima da piscina acanhado, abafado e húmido?), mas, como sempre, a visita será obrigatória.

Pushing it back: Uma meditação de Charles Stross a pensar nos passados muito distantes, nos parcos vestígios que nos chegam desses tempos, e na impossibilidade de alguma vez vir a conhecer as civilizações e modos culturais dos nossos ancestrais longínquos, face à impossibilidade de preservação de vestígios culturais ao longo de milénios.

Lendas Japonesas – José Ruy: Daqueles livros que estou mortinho para poder apanhar numa livraria (tem sido difícil, encontrar livros da Polvo nas livrarias que mais frequento) (se calhar não estou a ir às livrarias certas, podem dizer...). É bom ver que uma obra clássica não se perde, Ruy foi um dos grandes da BD portuguesa, e recriar Wenceslau de Morais, escritor clássico mal recordado, com o seu traço, é receita para um excelente livro. 

The Star Beast Trailer is a Grand Doctor Who Reunion: Para comemorar os 60 anos da série, nada como regressar a um dos seus marcos. Numa série de episódios especiais, regressamos ao passado de David Tennant como The Doctor. É uma aposta segura, Tennant deu o cunho moderno à personagem (que Matt Smith e Jodie Whitaker souberam trabalhar), e é talvez o ator mais popular da série.

Cruz dos Quatro Caminhos: Por bizarro que pareça, como lisboeta (praticante sempre que posso, que a cidade já não está para a minha carteira de professor), Penha de França é uma zona que conheço mal. Mas esta nota dá vontade de ir explorar a história negra insuspeita de um cruzamento.

'The Creator' es la película de ciencia ficción del año. Y también una declaración de guerra a las franquicias clónicas: Quando vi o trailer, bocejei e pensei, mais um clone do Terminator. Esta crítica no Xataka, no entanto, aguçou-me a curiosidade.

Tecnologia

HR Giger: Biomecânicas.

What’s next for the world’s fastest supercomputers: Os desafios que se colocam à proxima geração de supercomputadores.

I Don’t Like Dogs: Que heresia, pensei, ao ler o artigo. Como é possível não se gostar de cães? Mas, na verdade, o artigo é uma excelente meditação sobre os perigos das bolhas de informação e das câmaras de eco digitais. Mostra como a troca de ideias online restrita a pessoas com os mesmos interesses ajuda a radicalizar e polarizar posições e pontos de vista, são uma lente distocida para compreender a realidade. Se se perguntam porque é que os nossos discursos públicos (e mesmo as posições privadas das pessoas) andam tão radicais, polarizadas e extremadas, esta é uma das respostas.

YouTube is going all in on AI: As novas ferramentas aposta muito na IA Generativa, e náo surpreende, isto é o YouTube a tentar manter-se relevante sob a pressão do TikTok.

Mastodon gets better search, onboarding, and cross-server interactions: O mastodon está a crescer, e a melhorar a sua usabilidade.

How To End Doom Scrolling (It’s A Design Issue): Não é exatamente uma questão de design, mas sim de ganância. O objetivo das redes não é que visualizamos conteúdos, mas sim capturar a nossa atenção, isso é o que explica a tendência de visualização contínua infinita de conteúdos. Está pensada de raiz para nos alienar e prender a atenção. E é sempre conveniente recordar: estas coisas não são automatismos inevitáveis vindos de máquinas sem rosto. Vêm de decisões conscientes tomadas por humanos, que procuram nada mais do que espremer ao máximo lucros, e as consequências sociais que se danem.

The Practical Power of Fusing Photons: Estaria a mentir se dissesse que compreendi na totalidade este artigo. Mas creio que percebi que a manipulação de fotões permite ganhos e melhorias em áreas que vão dos ecrãs à impressão 3D.

AI and Leviathan: Part I: Sobre a necessidade de criarmos mecanismos de regulação da Inteligência Artificial. Cortar ou proibir está fora de questão, mas também não temos de aceitar uma evolução selvagem desta tecnologia.

The Tragedy of Google Search: A google está nas miras do mundo, em grande parte pelo seu domínio quase total do acesso à informação. Fala-se de monopólios e modelos de negócio sufocantes.

Amazon Restricts Authors to Self-Publishing Three Books a Day, a Totally Human Amount: Daquelas ideias que faz pouco sentido, por prolífico que seja um autor, é humanamente impossível editar três livros por dia. É uma tímida medida para combater o chico-espertismo da automatização literária, que se aproveita da IA Generativa e dos mecanismos de edição digital para inundar as livrarias online com livros falsamente escritos. Notem que a IA Generativa tem um papel na escrita, hoje, suspeito que muitos autores, ensaístas e jornalistas já tenham percebido que podem usar estas ferramentas como assistentes. Tudo bem por aí, é para isso que elas servem. Agora, criar lixo generativo é uma forma de poluição digital.

Si tienes menos de 1.000 escuchas, fuera de Spotify: la decisión de Altafonte contra los grupos pequeños: Agruras da economia digital. Isto tem um efeito detrimental na cultura, assegurando que só as músicas com maior projeção e marketing sejam as ouvidas.

School Surveillance Tools Are Harming Kids and Making It More Difficult to Finish Homework, Report Finds: Como professor ligado à tecnologia educacional, embora compreenda e defenda alguns limites ao seu uso com as crianças, abomino quando as medidas passam do bom senso aos exageros de vigilância e controlo. Filtros de palavras, bloqueios de sites, restrição de conta nos dispositivos usados pelos alunos são medidas de proteção razoáveis, mas quando se abusa dessas medidas a favor de pressupostos ideológicos ou controle excessivo sobre os utilizadores, algo está muito errado.

Google apresenta cabo submarino "Nuvem" que liga Portugal, Bermudas e EUA: Recordar que somos um ponto de importância geoestratégica na geografia da infraestrutura do mundo digital.

The people who still rely on paper: Há um elemento essencial nas tecnologias. Se a substituição do simples mas funcional pelo digital aumenta a complexidade, algo está a falhar.

I Was Wrong About the Death of the Book: Livros e e-livros coexistem. O livro físico não foi exterminado pelo digital, porque, como muito bem aponta este artigo, há mais factores em jogo na leitura do que o simples contacto com o texto que o e-book nos traz. Por outro lado, o possibilitar o simples contacto com uma grande quantidade de textos dá aos livros digitais um papel importante nos hábitos de leitura do século XXI.

Losing Human Users, Facebook Releasing Chatbots for Lonely to Talk To: Aceder a uma rede social para interagir com chabots. Isto fará sentido na cabeça de alguém, mas não sei bem de quem...

Techno-fixes to climate change aren’t living up to the hype: Sem grande novidade. Não é que sejam ineficazes. Não são é a solução miraculosa que muitos acreditam ser, e algumas criam novos problemas.

Getty presenta su propia IA generativa: lo hace después de denunciar a Stable Diffusion por infracción de copyright: Novas ideias de negócio na era da IA generativa: se tens uma enorme base de imagens, então fechas ao domínio público (em bom rigor, a Getty nunca o foi), processas concorrentes que poderão ter usado as tuas imagens, e a seguir emparceiras com experts em desenvolvimento de modelos para criar a tua própria IA generativa. A Adobe deu o exemplo, e suspeito que outros se seguirão (a Deviant Art é uma excelente candidata a isto). Como projeto, a ideia é interessante, imagina se museus e coleções de arte começassem a disponibilizar ferramentas generativas baseadas nos seus acervos?

Microsoft is testing a DALL-E-powered text-to-image creator in Paint for Windows 11: Isto soa um pouco a desespero, com a Microsoft a recorrer a todos os estratagemas para se manter relevante no jogo da IA Generativa.

Generative AI stickers are coming to Meta’s apps along with AI editing: Isto vai ser adorado por aquela malta que adora meter avatares cringe como imagem de perfil em redes sociais. Confesso, fico com medo.

Generative AI image editing is coming to Instagram: Outra plataforma a lutar para se manter relevante nas jogadas da IA Generativa. Suspeito que isto será tão apelativo quanto os clássicos filtros. Para mim, que gostava do Instagram pela qualidade das fotografias, é mais uma razão para largar a plataforma. Se a Pixelfed tivesse uma app, era já.

Because everything needs AI in 2023, Mattel added it to Pictionary: Para quê, perguntam-se? É jogada de marketing. Mete-se o selo IA num produto, e isso vai logo aumentar o interesse.

So Much for ‘Learn to Code’: Suspeito que este artigo tem um erro conceptual, partindo do princípio que as ferramentas baseadas em LLMs serão capazes de substituir totalmente os programadores, quando na verdade são usadas para acelerar o seu trabalho. E, como professor ligado ao movimento de aprendizagem de programação pelas crianças (com âmbitos e objetivos diferentes do "learn to code" deste artigo), posso dizer-vos que as capacidades dos LLMs são mais uma razão para estimular o conhecimento tecnológico mais profundo que aprender a programar nos traz.

Modernidade

From an ad in a 1960s comic book: Futuros frios.

The Summer That Reality Caught Up to Climate Fiction: E não, não é coisa boa, nem motivo de orgulho. Já não bastava a nossa sociedade de capitalismo late stage se ter modelado nas distopias cyberpunk, agora a realidade física mostra que as piores especulações do cli-fi não eram assim tão exageradas.

I stopped “advertising” this site on social media years ago.: Essencialmente, é isto. Se me perguntarem porque é que me dou ao trabalho de manter um blog, sem nenhum retorno financeiro e raro reconhecimento, é por isto. É um bloco de notas, público, que escrevo por mim e para mim. Se outros lerem, e apreciarem, excelente. Se não, também não me preocupo. E se me preocupasse, o jogo viciado da promoção em redes sociais certamente que me manteria em estado de depressão clínica.

Cassette By Cassette, One Pakistani Man Is Working To Preserve Afghan Musical History: O trabalho dedicado de um homem que procura preservar parte da herança cultural que os talibãs querem esmagar.

Paleontologists Find Trilobite’s Last Meal in 465-Million-Year-Old Fossilized Stomach: Soa excitante, descobrir os restos de uma refeição de um trilobita, não soa? Não, não é bizarria, mas sim um raro vislumbre do nosso muito distante passado planetário.