quinta-feira, 20 de julho de 2023

Mary


Nat Cassidy (2022). Mary. Nova Iorque: TOR. 

Outra sugestão via booktok que acabou por se revelar menos interessante do que o esperado. Não que seja um mau livro, e está cheio de ideias interessantes, mas arrasta a narrativa em excesso, e sofre do mal de ter um personagem principal pouco interessante. Não deixa de ter alguns bons momentos de suspense e sensação de voltas viradas às expetativas do leitor.

Uma mulher de meia idade, à beira da menopausa, que sempre viveu uma vida isolada e recatada vê-se despedida, e forçada a regressar à casa da família, numa cidade isolada no deserto. Cidade essa que ganhou notoriedade no passado, graças aos violentos crimes de um assassino em série. Quando a mulher regressa, para cuidar de uma tia que odeia, as situações estranhas começam a acumular-se. Depara-se com os fantasmas violentos das vítimas do assassino, percebe que a cidade guarda segredos, e que as memórias que tem da sua infância e adolescência não correspondem à realidade. Sente-se a mergulhar na loucura, mas acaba por perceber que tem dentro de si a personalidade encarnada do assassino em série, morto no dia em que ela nasceu. A cidade, de aparência normal e pacata, é na verdade o habitat de uma seita que procura imitar os feitos do assassino em série, seguindo o seu credo como uma religião, e organizando um ritual anual de caça a vítimas humanas.

Apesar dos abalos que sofre, a mulher encontra em si a força para se sobrepor à personalidade do assassino, e enfrentar uma cidade de assassinos violentos. Contará com uma ajuda especial, com os espíritos vingativos das antigas vítimas.

Diga-se que este livro está constantemente a trocar a voltas ao leitor, sempre que a narrativa segue um caminho, algo acontece que altera a sua lógica. Nisso, é interessante, mas a prosa enche demasiado, há aqui efeitos da estética interminável das séries. Não ajuda que a personagem principal seja um tédio, monocórdica e em constante repetição de dramas e achaques.