domingo, 12 de março de 2023

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Esta semana, destacam-se geografias lusas do fantástico, o amor às leituras não-sérias, e o fantástico na literatura portuguesa. Olha-se para o dadaísmo do TikTok, a merdificação (sic) das plataformas digitais, e a automatização dos conteúdos online. Reflete-se sobre memes icónicos, o orgulho na iliteracia, e o que nos envergonhará no futuro.

Ficção Científica e Cultura Pop


[no title]: Custou, mas foi.

Build New Stories With These Games, Systems, and Engines: Um recurso excelente para os que gostam de desenvolver mundos ficcionais - sistemas e motores de jogos RPG abertos, que podem ser aplicados às ideias de quem os quiser usar para desenvolver o seu jogo.

Animais e Seres Fantásticos na Calçada Portuguesa de Lisboa: Um olhar para o piso lisboeta, e as referências a criaturas fantásticas que se encontram aos nossos pés.

2022 - 17 Obras de autores portugueses a ler: Excelentes sugestões, com o melhor da edição de BD portuguesa do ano transacto.

Locais a visitar: Lapa de Santa Margarida (Portinho da Arrábida): Lugares de mistério na Arrábida, e confesso, nunca me consegui organizar para lá passar.

The Best Books We Read in 2023: Ainda nem terminámos o mês de janeiro, e já há listas das melhores leituras de 2023. Só me pergunto que raio o primeiro livro está a fazer numa lista destas.

14 páginas para ver anime por Internet de forma legal: webs gratis y de pago: Provavelmente já bem conhecido de muitos de vós, mas é sempre bom anotar sites que nos permitem aprofundar o gosto pela animação japonesa. 

Notable Nonfiction of Early 2023, recommended by Sophie Roell: Bem, isto é que é ser leitor profícuo, ainda estamos no fim de Janeiro (escrevo isto sempre algumas semanas antes de aparecer aqui no blog). Desta lista, fiquei curioso com o livro de Peter Frankopan, li o seu Silk Roads e fiquei fascinado com a abrangência da sua erudição. 

10 Great, Ambitious Sci-Fi Films That Were Made With Low Budgets: Há aqui pérolas, como a versão retro de Call of Cthulhu ou o absolutamente insano Tetsuo, um filme que nunca imaginei ter sido tão barato. 

4908) O realismo e a imaginação: Fabuloso, este texto sobre a eterna oposição entre artes sérias, e aquelas que por apelarem ao entusiasmo, são vistas como menores. Cá por mim, prefiro ser não sério, mas eterno aprendente de novas ideias.

Alec Baldwin Was ‘Distracted’ on His Phone During ‘Rust’ Gun Training, Prosecutors Say: Recordo este infeliz incidente, não pelo ator, mas pela questão mais óbvia: porque diabos é que usam armas reais num filme? Parece uma ideia tão idiota, mas pelos vistos, é normal.

Sobre o Fantástico na Literatura Portuguesa: Online, a revista Bang! republica a enorme erudição dos artigos de David Soares sobre literatura fantástica em portugal.

Tecnologia

70sscifiart: Leo and Diane Dillon’s 1975 wraparound dust jacket: Do psicadélico.

Joe Paton: “algumas abordagens à Inteligência Artificial ignoram a história natural”: Da ligação entre investigação em Inteligência Artificial e as neurociências.

This 1970s Computer Magazine Imagined Robotic Pets of the Future That Smelled and Even Tasted Real: Os retro-futuros, a imaginar sobre o que são tendências de desenvolvimento tecnológico na intersecção com o social.

Don’t be sucked in by AI’s head-spinning hype cycles: Certíssimo. Tanto, mas tanto, das discussões que se têm sobre a Inteligência Artificial e as suas capacidades é hype, promoção de empresas, e especulação.

What Does TikTok’s “Corecore” Have to Do With Dada?: Será que já me chegaram vídeos desta tendência que é de facto uma meta-tendência e não dei conta? Nos últimos dias, tenho levado com vídeos estranhíssimos, em que personagens em close up mimetizam vocábulos glossolálicos e fazem gestos aleatórios. Alguns são bem produzidos, outros vídeos gerados por inteligência artificial, e, claro, há os amadores que sonham em ser influencers (ah, a ingenuidade) a imitar tudo isto. O efeito? Realmente, tem muito do absurdismo dada.

3D printing provides a creative future where children start to create their own sustainable toys: Fiquei curioso com o modelo desta empresa. Colocar as crianças a criar e imprimir os seus brinquedos é uma excelente ideia em teoria, mas na primeira aplicação não correu muito bem, em parte porque a Mattel, na sua infinita sabedoria, achou que era uma excelente ideia colocar máquinas que aquecem a 200º nas mãos infantis. Esta proposta parece interessante, cruzando sustentabilidade com manufatura aditiva, mas tenho de ir mergulhar na sua documentação para perceber se, realmente, esta aposta tem futuro.

The Enshittification Lifecycle of Online Platforms: Brutalmente certeiro, como só Doctorow consegue ser. De facto, "merdificação" é mesmo o termo certo, muito mais intuitivo do que dizer "estratégias capitalistas de captura e isolamento monopolistas de mercados". Descreve na perfeição os mecanismos da economia digital - o atrair o máximo possível de utilizadores, em seguida, criar uma cerca que enrede o máximo possível de produtores (quer sejam físicos ou de conteúdos); e, quando estão na posição de gigantes que dominam um mercado e limpam o terreno para não haver possibilidade de competição, começam a esmagar as margens de lucro daqueles que dependem deles, e a esmifrar ao máximo os seus utilizadores. É o modelo de negócio das redes sociais, dos mercados de comércio online. E é um modelo que já demonstrou servir um punhado de grandes empresas, enquanto nos empobrece cultural e economicamente a todos.

Death By a Thousand Personality Quizzes: Então, como vai esse entusiasmo com a IA generativa? Dall-E, SD, ChatGPT, MusicLM, vídeo por IA, mas isso serve para quê, mesmo? Não se preocupem, o mercado já sabe como usar para lucro fácil: "AI may yet prove to be a wonderful assistive tool for humans doing interesting creative work, but right now it’s looking like robo-media’s future will be flooding our information ecosystem with even more junk". Yep, a dead internet theory a começar a sair do espaço ficcional e a tornar-se real. O verdadeiro problema aqui não é a tecnologia, mas sim o capitalismo cego pela ganância (plus ça change...). Na verdade, a inteligência artificial aqui não traz nada de novo, isto sempre existiu, entre o jornalismo sensacionalista, imprensa cor de rosa e a eterna necessidade de encher espaço. A internet acelerou e ampliou esses mercados.  As empresas de junk media que poluem o espaço mediático com conteúdos clickbait da treta já há muito que fazem o que fazem muito bem. Agora com a IA generativa, podem automatizar a coisa, livrando-se dessa chatice que é pagar a quem escreve, e produzindo maior quantidade e mais depressa deste tipo de conteúdo tão intelectualmente vazio que se aproxima do vácuo.  O próximo artigo clickbait que encontrarem numa rede social algorítmica, poderá já ter saído de um motor de geração de artigos. 

Recycling Digital: Sabendo das confusões que envolveram este escritor, diria que esta posição de redução da presença digital não é meramente técnica. Mas isso é entrar em terrenos pantanosos. O que percebo é que isto é uma tendência que também sinto, em parte por fadiga do digital, em parte pela necessidade de tomar as rédeas à constante exigência de atenção que a economia digital. Precisamos mesmo de estar a ser constantemente notificados por redes sociais, mensagens, emails e tantas outras solicitações que têm como real objetivo monetizar a nossa atenção?

Promoting STEM confidence in classrooms with 3DPrinterOS’ TinkerCAD integration: Uma solução interessante para makerspaces e bibliotecas, que integra a modelação 3D com envio direto para impressoras remotas automatizadas.

Technology Makes Us More Human: Tendo a concordar com o otimismo tecnológico deste artigo. Mas não consigo deixar de pensar em toda a desumanidade de que somos capazes, e de quanto a tecnologia tem sido instrumentalizada para permitir o pior que há em nós. 

Google's experimental ChatGPT rivals include a search bot and a tool called 'Apprentice Bard': As guerras da Inteligência Artificial generativa começam a aquecer.

Generating 3D models from text with Nvidia’s Magic3D: Os primeiros passos da geração de modelos 3D automatizada por inteligência artificial.

RCA’s Lucite Phantom Teleceiver Introduced the Idea of TV: Uma boa manobra de marketing, nos primórdios da era televisiva, e hoje um belíssimo objeto de design.

Like me, Loona the Petbot is dumb but lovable: Confesso que também não resisto a estes petbots, mesmo sabendo que têm ainda um longo caminho a percorrer, e a desculpa mais plausível para mexer com eles, a capacidade educativa da programação, pode ser feita com dispositivos muito mais acessíveis.

Creativity In The Age Of “Synthetic Media”: De vez em quando, é interessante ler um artigo que em vez de levantar temores ou apregoar deslumbres, apenas sintetize o que se está a passar nos domínios da intersecção entre criatividade e inteligência artificial.

Portugal albergará la granja fotovoltaica más grande de Europa: su plan, convertirse en un oasis renovable: Um excelente aproveitamentos dos nossos recursos renováveis.

Modernidade

David A Hardy: Paisagens orbitais.

The Meme That Defined a Decade: Adivinharam, é o this is fine. Porque de facto encapsula na perfeição a visão contemporânea, em que vemos os progressos sociais a ser revertidos, a economia a suceder-se em ciclos de crise, o aquecimento global de que tanto se fala e pouco se faz... a casa está a arder, mas está tudo bem, certo?

Exposição Faraós Superstars: da ascendência ao declínio, do mito ao imaginário coletivo: Recordo ter lido há uns anos um editorial de revista francesa que afirmava que, sempre que os editores queriam garantir um lucro extra e assegurar um sucesso de vendas, punham algo sobre o antigo egipto na capa. A lógica estava na curiosidade intensa que os antigos egípcios despertam. Esta exposição na Gulbenkian parece-me sintomática disso, alguns artefactos interessantes, muitos outros artefactos que andam à volta do tema sem serem verdadeiramente essenciais, e um espaço menor do que se esperaria para a promoção da exposição como tema-espetáculo. 

Hawker Typhoon versus Eurofighter Typhoon: Creio que só mesmo o Hush it para se divertir a fazer este tipo de comparações, entre aviões de hoje e os seus homónimos de antanho.

The People Who Don’t Read Books: Pessoas que não lêem? Como é possível? Na verdade, o problema não está bem aí, mas sim nas pessoas que se orgulham publicamente de não lerem, que afirmam que para ser capaz de tomar decisões basta ver uns vídeos e trocar opiniões, que recusam abertamente a análise intelectual. 

Cringeworthy in the Future: Sendo mauzinho, diria que adicionaria escrever uma graphic novel com anjos à lista (piada foleira com um livro escrito por Kevin Kelly, fundador e editor da Wired, a revista que durante os anos 90 foi a bíblia do tecno-otimismo e da filosofia silicon valley). Sobre a lista, diria que nós na União Europeia já vivemos no nosso dia a dia uma das situações que parecerá ridícula no futuro, a abolição de fronteiras internas permite isso mesmo, o visitar outros países sem ter de pedir permissões.

Chengdu J-20: como es el temible caza de quinta generación chino que rivaliza con el Lockheed F-35 estadounidense: Um olhar para o avião de combate de quinta geração chinês, cujas reais capacidades ainda não são conhecidas. 

The Existential Wonder of Space: O espaço, não é apenas a última fronteira, é também a zona das distâncias que sentimos como incomensuráveis, de escalas que, por comparação, fazem parecer as nossas vidas de um absurdo minúsculo.

How The Humble Tote Bag Became A Status Symbol: Confesso que não consigo mesmo ver a utilidade destas sacolas, para lá de símbolo de status e marketing. Não consigo conceber coisa mais desajeitada para usar a carregar livros, a mim, aquilo cai constantemente do ombro. Mas, para grande surpresa minha, é um símbolo de prestígio.