domingo, 5 de março de 2023

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Esta semana, destacamos análises a novas edições de ficção científica, os livros mais esperados deste novo ano, e os mistérios dos desaparecimentos. Olha-se para o Apple Lisa, os problemas da Internet of Things, e a geração de energia solar em ferrovias. Reflete-se sobre crocodilos lacrimosos em Davos, as elevações a 10 dos Eames, e raízes da arte abstrata.

Ficção Científica e Cultura Pop

Patrick Woodroffe: Space opera, disseram?

Annalee Newitz, THE TERRAFORMERS: Análise ao mais recente livro de Newitz, uma hard sci-fi que também inclui os aspetos mais soft das ciências sociais, o que é uma das grandes características da evolução da ficção científica através das suas novas vozes literárias.

Crítica a «Coleção de Contos Best of Best», de Junji Ito (2022): Um olhar para a novidade da Devir, que nos trouxe (finalmente) Ito em português. No texto, só não percebi a parte da crítica, porque não analisa nada do conteúdo do livro.

So Many Of Us Website Updates For 2023 Regarding Warren Ellis: Confesso que não estou realmente surpreendido com esta ação. Ellis conseguiu sobreviver ao cancelamento, e até agradou aos seus canceladores. Até agora, e aposto que a razão para isso prende-se com o regressar do autor às luzes da ribalta. Não quero ser injusto, até porque sendo fã de longa data do seu trabalho, estou predisposto a favor de Ellis. Dei-me ao trabalho de ler alguns dos depoimentos neste site, e confesso que não percebi neles algum padrão de abuso de poder, de troca de favores sexuais por promoção ou possibilidades de emprego. Li antes algo que me pareceu serem as reações de ex-amantes despeitadas por um Casanova. Ui. Ser casanova. Isso seria possível, hoje em dia?

The Future Went That Way: Confesso, ainda bem que o Matt Novak saiu da Gizmodo. Isso significa que os seus textos sobre retro-futurismo se vão tornar mais frequentes.

Children of Memory, by Adrian Tchaikovsky: Não me tinha apercebido que o terceiro volume desta série sobre choques culturais e diferentes percepções do real já tinha sido publicada. O intrigante nesta série é a forma desapiedada com que imagina e especula sobre a forma de visão do mundo de inteligências biológicas não-humanas.

«A Rainha dos Canibais», argumento e desenho de Miguel Rocha: Uma fantasia negra, algo pulp, inspirada nos mitos do colonialismo português? Estou de curiosidade desperta.

10 Times It Was Earth All Along: A trope da odisseia aventurosa em terras entranhas que, no final, se revelam ser a nossa Terra.

Os lançamentos mais esperados de 2023: Muitas e boas novidades aguardam os leitores portugueses. Recolha do Rascunhos, que aponta excelentes propostas editoriais. Destaco o ressurgir da BD francófona por cá (dominava os anos 80, mas praticamente desapareceu quando a atenção dos leitores se virou para comics e mangá), e a edição de Villiers de l'Isle Adam, que é um dos grandes precursores da Ficção Científica. Se duvidam, leiam o conto Eve du Futur. 

The Rise of Science Fiction Rock and Roll: Um olhar para a ligação entre o rock conceptual e sinfónico com a ficção científica, entre inspiração para canções e albúns conceptuais.

"Despachos" (1977) de Michael Herr, trad. Paulo Faria: Sem querer passar por cima da visão crítica sobre este livro, fiquei imensamente curioso, algo me faz pensar numa espécie de Cornelius Ryan dos tempos do Vietnam. Já está na calha para leitura.

4906) Oito sumiços (24.1.2023): Bráulio Tavares em modo twilight zone, numa leitura imperdível e arrepiante.

Colecção de Contos – Best of Best – Junji Ito: Um olhar crítico para a primeira edição portuguesa da obra de Ito, detalhando a sensação do choque com as estéticas do horror deste mangaka.

(Re)Lendo: Algernon Blackwood...: Porquê os clássicos, perguntam-se? Porque são atemporais.

Tecnologia

Mike Hinge: Este design retro é fabuloso. 

The Lisa Was Apple’s Best Failure: Um marco da história da computação, o elo perdido (porque não teve sucesso por escolhas comerciais) entre os interfaces gráficos da Xerox Parc e a democratização dos GUI.

High school spends thousands on electricity each month because nobody can turn off the software-controlled lights: Esta história sublinha bem os problemas da IoT. O que é que acontece quando os fornecedores dos sistemas de domótica inteligente desistem dos seus produtos, ou fecham as portas? No caso desta escola, não se pode desligar as luzes porque a empresa que desenvolveu o sistema de automação já não existe, e ninguém é capaz de resolver os bugs de software que causa o erro. Estas coisas resolvem-se com normas abertas, mas isso tem o seu quê de anátema.

There’s Snow on Mars: E a seguir, aranhas (piada com Bowie)? Talvez o deprimente seja saber que, mesmo que consigamos colocar o pé em Marte, nunca poderemos estender a nossa mão nua e sentir os flocos de neve marciana.

Los adolescentes de hoy apenas saben utilizar un ordenador de escritorio. La pregunta es: ¿y qué?: Bem, eu não saberia operar uma mainframe ou usar cartões perfurados, nem que a minha vida dependesse disso. Se as interações com aplicações são cada vez mais web based, não surpreende que o conceito de instalar software pareça bizarro.

It’s Not Sci-Fi—NASA Is Funding These Mind-Blowing Projects: Alguns projetos fora da caixa que a NASA financia. Não são tão fora da caixa quanto a DARPA, mas é nesta interseção entre ciência e arrojo que poderão estar novas tecnologias. 

TikTok’s ‘corecore’ is the latest iteration of absurdist meme art: Um dos pormenores que me fascina no TikTok é a celeridade fugaz e explosiva das tendências culturais digitais que possibilita. São dinâmicas virais que se desvanecem com uma rapidez surpreendente.

Suiza cree que sus vías de tren están infrautilizadas. Así que ya estudia llenarlas de paneles solares: Um conceito interessante, usar as ferrovias para produção de energia solar. Como? Colocando painéis solares nas travessas das vias férreas.

Ask Hackaday: Do Kids Need 3D Printers?: Sim, claro que sim, digo-vos, como veterano que sou do uso de 3D na educação. Mas faz muito mais sentido que eles tenham acesso monitorizado a impressoras 3D, com progressiva autonomia, do que terem impressoras especialmente desenvolvidas como brinquedos.

Recycling the World's Largest Passenger Plane Is a Big Job: Reaproveitar os materiais do A380 é possível, mas não é um trabalho fácil.

Here’s How Art Schools Are Dealing With The Rise of AI Generators: Entre proibição a incorporação do seu uso, e ambas as tendências perfeitamente justificadas dentro de enquadramentos curriculares.

Perfectly Good MacBooks From 2020 Are Being Sold for Scrap Because of Activation Lock: A informática inimiga do ambiente, ou soluções amigas do lucro empresarial que se traduzem num imenso desperdício no mundo real.

Modernidade

White Dwarf, December/January 1980/81: Cavalgadura desconfortável.

What Monks Can Teach Us About Paying Attention: Da diversidade da condição monacal, entre o ascetismo mais isolado às vidas em comunidade, tendo como ponto comum o ignorar das pulsões mundanas para dedicar a vida à reflexão espiritual.

An Extremely Intelligent Lava Lamp: Refik Anadol’s A.I. Art Extravaganza at MoMA Is Fun, Just Don’t Think About It Too Hard: Curiosamente, a descrição lâmpada de lava assenta como uma luva às estéticas de Anadol. A crítica é mordaz, focada numa certa superficialidade de inteligência artificial enquanto espetáculo, presente no trabalho do artista.

After Humans Come The “Trans-humans”: Ok, tenho perguntar. O trans-humanismo, essa bizarra convergência entre os tecno-optimistas e os bilionários que sonham com uma eternidade a acumular vil metal (agora, cyber vil mental), ainda é uma cena? Esta ideologia radical muito apelativa às elites que enriqueceram com a tecnologia teve o seu ponto mais alto nos idos dos inícios do século XXI, mas pelos vistos, ainda mexe.

These Are The Countries With The Most Labor Strikes In Europe: Eu sei que não parece, mas por cá, até nem somos dos que mais protestam em direitos laborais na Europa. Talvez, em parte, pela demonização cultural que, como país conservador, temos sob a ideia de protestar, mesmo que seja legítimo. Basta ver a cobertura mediática de qualquer greve. Seguem todas o mesmo padrão: reportagens sobre o impacto da greve focadas nos incómodos a pessoas, fugaz e superficial observação sobre os motivos da greve, e logo a seguir reportagens que mostrem a classe que estiver em greve como super privilegiada, ou constituída por profissionais que cometem abusos. A cultura mediática por cá é extremamente hostil aos problemas laborais e a formas de protesto organizadas.

Abstract Art Did Not Begin With Paul Cézanne: Confesso que, por vezes, a minha paciência com o progressismo cego e acrítico esgota-se. Caso típico deste artigo, que me despertou a curiosidade com a observação de que o abstracionismo na arte não se iniciou nos finais do século XIX. Segue para uma análise ao belíssimo trabalho de um artista africano contemporâneo (dos dias de hoje, não do século XIX) que se inspira nos padrões abstratos tradicionais da sua cultura, que são milenares. E é de aqui que se constrói a premissa do texto, com a la palissada de que já havia formas de expressão visual abstratas antes do surgir dos abstracionismos no dealbar do século XX. Sim, sabemos bem disso, responde-se com um encolher de ombros. Desde os padrões tradicionais africanos à arte aborígene, e já que falamos nisso, a arte islâmica? Percebo a lógica do articulista, prende-se com as correntes de pensamento sobre descolonização cultural e valorização das heranças culturais não ocidentais, que são reflexões legítimas, mas este argumento é apenas pateta, porque cai no preciso erro de que acusa os outros: o de confundir movimentos artísticos da tradição europeia com uma espécie de cânone global da arte que ignora as restantes heranças culturais. Tal até seria verdade em meados do século XX. Hoje? Felizmente, nem por isso. Ah, e o trabalho artístico em destaque? É fabuloso.

UN boss to Davos: You’re the problem: Anualmente, as elites económicas mundiais e as suas clientelas cumprem o ritual anual de contrição em Davos. Um excelente exemplo de hipocrisia, com multimilionários e aqueles que trabalham afincadamente para lhes garantir a riqueza (desde os altos quadros das grandes empresas aos políticos que são lestos a cortar nos benefícios às populações mas travam quaisquer medidas que belisquem os lucros dos demasiado ricos) a voar em jatos privados para uma estância de luxo. Participam numas conferências muito contritas onde afirmam a importância do combate ás desigualdades, às alterações climáticas, à erradicação da pobreza. Assinam uns manifestos cheios de delicadas promessas. E depois de uns convívios banqueteantes, levantam voo nos seus jatos e regressam a um dia a dia onde fazem precisamente o oposto do que prometem nesta sua contrição anual, continuando a tomar medidas que asseguram lucros a qualquer custo, agudizando desigualdades e acelerando o aquecimento global.

The Worst French aircraft manufacturer?: Um olhar, com o bom humor habitual deste site, para o design aeronáutico de Henri Farman, que parecia apostado em provar que os tijolos voavam, e criou algumas das maiores abominações visuais da história da aviação.

Neanderthals: The oldest art in the world wasn't made by humans: Os nossos longínquos antepassados também eram apaixonados pela expressão, e desenvolveram culturas visuais. 

Buy More Ammo: What NATO Is Learning in Helping Ukraine to Fight: As lições da guerra na Ucrânia. A guerra do futuro não se está a revelar um conflito high tech, mas sim um regresso às trincheiras e barragens de artilharia, com as tecnologias low cost de drones a emergir como elemento disruptor.

Powers of Ten (1977): Daqueles clássicos que é bom não esquecer, a visualização que nos mostra o poder dos valores exponenciais através de um zoom que vai do cósmico ao átomo. É um dos melhores trabalhos da dupla de designers Charles e Ray Eames, dois nomes essenciais do design de vanguarda do século XX.

Everyone’s Missing The Point About Art History: Da arte enquanto tema controverso, onde diferentes visões, percepções e emoções geram sempre conflitos.

El debate científico más polarizante y divisivo del momento tiene que ver con el vino. Con uno de 1.700 años: Do meu ponto de vista, é de um intenso fascínio este líquido ter sobrevivido aos milénios.

El futuro del hidrógeno verde en Europa pasa por España y Portugal. Hasta Alemania lo tiene claro: Vantagens do choque energético causado pela quebra forçada da dependência do gás russo, o investimento muito a sério em energias alternativas, e algumas vantagens que isso nos trará enquanto país.