terça-feira, 19 de abril de 2022

Comics: Marjorie Finnegan, Temporal Criminal; Megatropolis: Book One; Morbius: Preludes and Nightmares


Garth Ennis, Goran Sudžuka (2022). Marjorie Finnegan, Temporal Criminal. AWA Upshot.

Confesso que há algo que me desagrada na forma como Garth Ennis aborda o humor. Talvez pelo seu lado de completo slapstick, este argumentista é dos poucos herdeiros da tradição do humor destravado. Mas, em BD, isso nem sempre se ajusta à necessidade de construir uma narrativa coerente. É este o problema que sinto, a sucessão de piadas é tão rápida que torna o ritmo da história difícil de apreciar. Apesar disto, como não admirar aventuras descontroladas através dos tempos, especialmente com as vinhetas hilariantes que Ennis estrutura e o ilustrador acompanha à altura?

Kenneth Niemand, Dave Taylor (2021). Megatropolis: Book One. Londres: 2000 AD.

A mitografia de Judge Dredd, revista sob uma estética dieselpunk. A sociedade de Megacity One é aqui recriada em tom policial noir, num visual retro-futurista. Parte da piada do livro é descobrir as variantes das personagens mais icónicas de Dredd. Visualmente muito interessante, com uma história de policial negro sobre lutas de poder para controlar a cidade, numa guerra que opõe duas elites: uma profundamente corrupta, que correntemente domina os destinos da cidade, e outra, que quer criar uma nova ordem assente na justiça.



Roy Thomas, et al (2021). Morbius: Preludes and Nightmares. Nova Iorque: Marvel Comics.

Uma introdução a um dos personagens enigmáticos da Marvel, que oscila entre herói e vilão, mas pela sua natureza visto mais como um perigo. Este volume republica as primeiras aparições de Morbius, o cientista amaldiçoado pela sua cura experimental para uma doença de sangue rara, que o transformou num vampiro. Este personagem sempre foi algo atípico  e estranho, não suficientemente tétrico para ser personagem de terror, e demasiado negro para o simplismo dos comics de super-heróis. Ler estas histórias iniciais faz reparar que o filme recentemente lançado, baseado no personagem, consegue algo raro: não se afastar muito das suas origens, nem do cerne clássico do personagem.