quinta-feira, 18 de março de 2021

Comics: Preferencias del sistema; Roots; Lupus.

 


Ugo Bienvenu (2020). Preferencias del sistema. Ponent Mon.

Num futuro próximo, o armazenamento de dados é finito e as organizações têm de sacrificar os arquivos antigos para dar espaço aos novos bits. À espera da primeira filha, em gestação dentro de um robot maternal, um homem que trabalha em arquivos e tem como tarefa convencer os administradores que vale a pena guardar a memória e cultura do passado, comete um crime: decide preservar arquivos cuja destruição foi ordenada. Preserva filmes e obras literárias, contra as indicações superiores.  Um crime que o levará à morte, mas o robot maternal, inspirado pelo exemplo, irá proteger a bebé e levá-la a crescer isolada, fora de um mundo enamorado da tecnologia e do fugaz. Curioso toque de ficção cientifica, com uma ilustração de estilo clássico.

Jon Muth (1998). Swamp Thing: Roots. Nova Iorque: DC Comics.

Uma história curiosa, onde o horror telúrico se cruza com as tradições de xenofobia do deep south americano. Um espírito amargurado, aprisionado entre raízes, procura envenenar os espíritos de uma comunidade que, já de si, pelas clivagens do racismo, não precisa de muito para cair em abismos. Toda uma história em que o personagem que lhe dá o mote mal aparece. Jon J. Muth foi um dos pioneiros em trazer para os comics a mestria pictórica da expressão plástica associada à pintura, e é essa a grande qualidade deste livro.


Frederik Peeters (2011). Lupus. Astiberri.

Lupus é uma algo surreal história de pura ficção científica, que cruza o intimista com a sensação de vastidão do espaço. Quando dois amigos de infância, à deriva pela galáxia em busca de aventuras e drogas, aterram num planeta distante e se cruzam com uma jovem cansada do seu destino, acabam por se meter em mais problemas do que esperavam.  Um deles acaba morto, e em fuga, os dois jovens refugiam-se numa estação espacial abandonada. Aguardam o nascimento de uma criança, enquanto observam intrusões de vida alienígena no ecossistema da estação. A ficção científica e os seus cenários são o palco de uma história essencialmente existencial, onde os dramas e traumas das personagens colidem e se entrelaçam em relações de proximidade.