terça-feira, 12 de janeiro de 2021

A Man on the Moon


Andrew Chaikin (2019). A Man on the Moon: The Voyages of the Apollo Astronauts. Nova Iorque: Penguin.

É impossível não terminar este livro sem uma tremenda sensação de tristeza. Não que seja uma obra triste, bem pelo contrário. Fala-nos, entre o romance e jornalismo, da enorme aventura que foi o programa Apollo. O único, e por enquanto irrepetível, momento na história da humanidade em que um esforço conjunto colocou homens a pisar o solo de um corpo celeste. 

O livro é  construído a partir das histórias e depoimentos dos astronautas que participaram nas missões. O autor consegue transformar uma tremenda manta de retalhos de fontes primárias numa narrativa estruturada, de bom ritmo de leitura. A estrutura segue as missões, com capítulos detalhados dedicados a cada uma.

Para lá da admiração pelo programa, pela capacidade e engenho, ou pela aventura dos astronautas, o que realmente se lê no livro é um forte sentimento de imensidão, de deslumbre pelas vistas inóspitas que só um punhado de homens viu com o seu olhar. Se a história e histórias do programa Apollo, os dramas e dilemas dos envolvidos, fazem o livro, o olhar do autor detém-se na Lua. É aí, nas descrições pormenorizadas da vida no Espaço, das parcas missões lunares, que se sente uma tremenda paixão pelo tema. A evocação da desolação lunar agarra-se ao leitor, é impossível ler este livro e não sentir o fascínio.

E, no entanto... cinco décadas depois da primeira alunagem, não estamos mais próximos de lá regressar. Claro que a exploração espacial é complexa e arriscada, mas sente-se que se poderia ter ido mais longe. A realidade do mundo, de uma humanidade que na sua larga maioria não olha para os céus, pesa mais do que o ardor científico e tecnológico, que sustenta o humanismo de ir sempre um pouco mais longe. É por isso que ao virar as últimas páginas, este livro desperta tristeza. Porque por enquanto, a sensação de pisar o solo lunar continua um momento irrepetível.