terça-feira, 29 de janeiro de 2019
2062: The World that AI Made
Toby Walsh (2018). 2062: The World that AI Made. La Trobe University Press.
Olha para o futuro, mas é essencialmente uma reflexão sobre os tempos presentes. Walsh analisa, à luz do que já acontece hoje, em que medida a IA se poderá tornar uma força transformativa na nossa sociedade, e quais os seus impactos éticos, legais e sociais. O panorama não é animador. Se as correntes tendências se mantiverem, o mundo de 2062 vai ser mais dominado por algoritmos ao serviço de interesses neoliberais, com correspondente perda de privacidade, direitos civis, liberdades (o caso chinês é emblemático) e retrocesso nas condições de vida. Mas ainda vamos a tempos de escolher o futuro que esta tecnologia nos poderá proporcionar. A chave está na regulação. Não da tecnologia em si, mas da forma como será utilizada, garantindo que não nos retire privacidade (o RGPD europeu é apontado como um bom exemplo), limite liberdades ou fique apenas ao serviço das agendas neoliberais ou totalitaristas mais gananciosas. O problema, aqui, é que boa parte das pessoas não tem hoje noção da interferência que estas ferramentas já têm nas suas vidas, quanto mais lutar para manter o humanismo num futuro dominado por algoritmos.