quinta-feira, 6 de julho de 2017

The Last Days of Lemuria


Thomas Ziegler (2016). Perry Rhodan Lemuria #05: The Last Days of Lemuria. Rastatt: PMW.

Este mostrou-se ser o episódio mais interessante da saga Lemuria, até agora. Ata as pontas de uma história de saltos temporais que se tornou óbvia ao longo dos episódios anteriores, mas que é agora contada ao pormenor. O quarto episódio da saga termina com Icho Tolot, halutiano e velho companheiro de Rhodan, a saltar para a máquina do tempo ativada por Levian Paronn para cumprir aquele que sabe ser o seu destino: ir ao passado, para se tornar parte ativa no lançamento das naves geracionais que levarão a memória da antiga Lemuria ao futuro distante. Essa acção transportá-lo-á aos últimos dias de uma civilização sob ataque inexorável dos antepassados dos Halutianos, conhecidos como as bestas pela sua ferocidade imparável.

Este é um episódio cheio de acção. Levian, eixo de toda a saga, entra na acção após o quase falhanço de uma missão desesperada para recuperar as investigações temporais. Percebe as implicações da possibilidade de ir ao passado, e sonha com o envio de planos militares que fortaleçam os lemurianos a tempo de derrotar os primeiros ataques das bestas. Percebe, até porque no seu próprio passado, teve um encontro com o misterioso ser que confere tecnologia ativadora da imortalidade no Perryverso, que lhe dá a imortalidade e lhe faz intuir que o seu destino será fundamental para o futuro da sua civilização. Essa imortalidade é algo que partilha com Rhodan e o próprio Tolot.

Este episódio está escrito a metro, como se esperaria de uma série comercial, mas muito bem escrito. Somos conduzidos pela narração ao longo de aventuras sufocantes, com os heróis a escapar sempre no último momento possível. Sabemos como toda história acaba (afinal, estamos num ponto no passado de um laço temporal) mas a sensação que tudo pode mudar é constante. Sentimos as derrotas progressivas e desesperantes dos lemurianos, a quase impossibilidade de Tolot, com o seu aspecto de Besta, de convencer os lemurianos que está do seu lado, o cerco que cada vez mais se aperta. Tudo é decidido no último momento possível.

O final é intrigante, e ata as pontas da saga até ao momento. Levian é transportado para o passado, sabendo que o seu sonho de salvar Lemuria não poderá ser cumprido da forma como quer. Levian terá de lançar as naves geracionais, viajar nelas, ocultar-se como cidadão da futura civilização akoniana para no longínquo futuro voltar a tentar regressar ao passado para eliminar quer os futuros Halutianos quer a civilização extra-galáctica que os usa como armas para esmagar a ameaça colocada por viagens no tempo. É um plano que sabemos que falhará, mas estas ações são as necessárias para levar Icho Tolot ao passado, e desempenhar o seu papel de auxiliar em toda esta saga. O próprio Tolot, conhecedor do passado futuro de Levian mas desconhecedor do seu, terá imensos problemas em sobreviver às diversas peripécias que ameaçam o desenrolar da sua história. Chega ao ponto de ter de convencer os seus antepassados que foi enviado do futuro para os auxiliar a travar a ameaça de Levian. Eventualmente, irá cumprir aquela que será a sua história. E, no meio, assistimos à amargura da destruição de uma civilização, mesmo sabendo que essa aniquilação é essencial para que o Perryverso se desenvolva como o conhecemos.

Pouco resta perceber desta saga, excepto o destino final de Levian. Teria a sua ironia se, após a sua derrota do presente do Perryverso, se viesse a descobrir que estes ínvios caminhos de viagem no tempo teriam, no futuro, como consequência uma fuga ao passado e para outra galáxia, dando origem à civilização avançada que emprega os devastadores Bestas, futuros halutianos, para esmagar a civilização lemuriana, que vêem como perigosa devido às suas experiências com tecnologia temporal. Seria um belíssimo laço temporal a encerrar a saga Lemuria.