terça-feira, 27 de janeiro de 2015
Greystorm: I Capitoli Dimenticati
Antonio Serra, et al (2010). Greystorm #12: I Capitoli Dimenticati. Milão: Sergio Bonelli Editore S.p.A..
Já me tinha perguntado porque é que esta série terminava no número onze. Terminava não por cancelamento ou perda de interesse, mas mesmo no seu ponto final. Ao longo de onze edições a história seguiu um percurso que terminou de forma decidida. Greystorm não se apresentava como uma série episódica a manter enquanto durasse o interesse dos leitores, estando perfeitamente balizada no seu início e conclusão. Mas onze é um número estranho. É mais habitual serem sete, dez, ou doze, números redondos e simbólicos. Agora onze... talvez por isso exista este décimo segundo número.
I Capitoli Dimenticati é aquilo que afirma ser. Não continua a história, nem lhe abre novas dimensões. É o que na música seria um álbum de out takes e b-sides. Colige momentos narrativos que poderiam ter feito parte do que veio a ser a série, mas por não lhe acrescentarem nada acabaram por ficar de fora. Temos a morte prematura do grande amor de Jason Howard, encarnação da voz de sanidade progressista que equilibra a espiral de queda nas trevas de Greystorm. Somos levados a uma exploração mais profunda do mundo selvagem primitivo, protegido do mundo sobre os gelos antárticos, que Greystorm destruirá para construir uma base para conquista do mundo. O que dá volume a este número é um indício dos caminhos por onde poderia ter ido esta série, felizmente não trilhados, com uma banal aventura detectivesca com ninjas sikh, jóias de marajás de fábula, e os filhos semi-sevlagens de Howard a depararem-se com uma conspiração onde as máquinas robóticas a vapor de Greystorm são manipuladas ao serviço de uma conspiração. Suspeito que se Greystorm tivesse seguido o caminho de fumetti episódico teria sido assim.
Neste volume a vertente steampunk está ausente. O argumentista Antonio Serra afirma que procurou homenagear Júlio Verne e odeia quando ligam a série ao movimento estético, mas os elementos estão todos lá. Estes capítulos esquecidos estão, porém, verdeiramente dentro do espírito de aventura fantástica verniano. Este décimo segundo volume não encerra a série com chave de ouro. Mostra-nos caminhos que poderiam ter sido seguidos, que alterariam profundamente a excelência deste fumetti surpreendente.