segunda-feira, 29 de dezembro de 2014
Comics
Star Spangled War Stories GI Zombie #04: Jimmy Palmiotti está a divertir-se com este personagem anacrónico. GI Zombie é um agente secreto zombie inteligente, cujas habilidades como morto-vivo o tornam valioso para missões de alto risco. Sendo zombie, tem de ser alimentado, e não sendo estas criaturas vegetarianas as forças armadas americanas têm de lhe fornecer refeições apropriadas à sua dieta específica. O que não é problema, quando se tem prisões cheias de criminosos perigosos e condenados à morte. Digamos que entre a cadeira eléctrica e o serviço de take away... venha o diabo e escolha. Esta sequência de alimentação é um momento bilhante de humor negro, que foge ao esperado horror visceral do zombie a comer com uma ironia que se torna hilariante ao ser tão comedida.
Letter 44 #13: E sim, finalmente, começamos a ter respostas. A premissa de Charles Soule continua interessante, com um artefacto alienígena algures por entre a cintura de asteróides, um presidente progressista a ter de lidar com as guerras legadas pelo seu fascizante predecessor, e o investimento em armemento avançadíssimo para dar à humanidade alguma hipótese de sobrevivência caso o artefacto se revele hostil. Mas Soule tem arrastado a série, levando-a com um passo muito lento enquanto ramifica o enredo. Só que a principal questão, a do encontro com os alienígenas, tem ficado por responder. Nisto Soule aplicou bem os princípios de manter o suspense em alta, com inúmeros recontros que quase se transformam em combate espacial. Mas pôs finalmente ponto final na questão, com a captura benévola dos tripulantes da nave de defesa/primeiro contacto e os primeiros diálogos de compreensibilidade reduzida com os alienígenas. Que, em resposta a uma das questões do comic, parecem ser amigáveis e ter vindo ao sistema solar para ajudar os incautos humanos contra uma ameaça maior. Entretanto, na Terra, o presidente americano aniquila uma divisão panzer com uma arma espacial em retaliação pelo envolvimento alemão numa detonação nuclear que aniquilou boa parte do corpo de tropas avançadas colocado no Afeganistão, uma conspiração entre a chanceler alemã e o antigo presidente americano que levanta novas questões. Cá estaremos para as ler. Sem ser esplendorosa, Letter 44 é uma das mais interessantes séries de 2014 com continuidade para o próximo ano.
The Massive #30: O pormenor final de arca de noé em rumo a um novo futuro é curioso, mas esta série termina esgotada. A criatividade e o rumo já se tinham ido há alguns números atrás. Brian Wood decidiu-se pelo catastrofismo total e aniquilou a vida na terra tal como a conhecemos com um acontecimento inexplicável em que partes da crosta terrestre foram expelidas para o espaço. Resta o navio, contendo um bioma que conserva uma amostra da antiga terra e os tripulantes humanos, para legar o melhor da humanidade no que agora está transformado num oceano planetário. É um final que deixa lugar à imaginação, mas não chega para desculpar o desastroso percurso descendente da série. Wood é um futurista de respeito e teve momentos brilhantes durante o decurso de The Massive, mas a páginas tantas percebeu-se a perda de rumo e o tactear em busca de uma inevitável conclusão.
The Ressurrectionists #02: Uma história de roubos e vinganças que começa no antigo egipto e irá concluir-se na contemporaneidade. Não se trata de viagens no tempo, antes de uma variante da premissa batida de dramas milenares que se repetem quando personagens contemporâneas despertam recordações de vidas passadas. O argumento é de Fred Van Lente, que assina a genial ironia de Archer & Armstrong e está a dar uma visão interessante semi-cyberpunk, semi-trans-humanista ao clássico Magnus Robot Fighter. Não sendo inesperado, é divertido e ritmado.