terça-feira, 28 de janeiro de 2014
Voyager: Un Nuovo Passato; Alfa e Omega.
Pierre Boisserie, Éric Stalner (2013). Voyager #05: Un Nuovo Passato. Editoriale Cosmo.
Custou mas foi. Os criadores da série lá perceberam que se têm em mãos um conceito que envolve distopias futuras e seres com a capacidade de saltar entre eras temporais, isso é uma excelente oportunidade para contar histórias de viagem no tempo. E finalmente a série Voyager ganhou interesse. Olhando para os gémeos Lou e Fish, fugidos das tentativas de Markovic, tenebroso ditador da cidade-estado parisiense do futuro, o argumentista leva-nos à Paris medieval para uma aventura por entre os estaleiros da catedral de Notre Dame, e à cidade ocupada pela Wermacht nos anos 40. O conceito base tornou-se mais interessante: Fish, filho de um futuro totalitário, ao saltar pela continuidade histórica tenta eliminar as personalidades que causaram os piores males. Já Lou percebe que se tal acontecer o fluxo histórico é irremediavelmente alterado e vê-se obrigado a impedir as acções do irmão, evitando que ele assassine alguns dos piores carniceiros da humanidade. Se o tom da série continuar assim vai valer a pena continuar a leitura. O traço do ilustrador Éric Stalner é particularmente adequado às arquitecturas que nos remetem logo para tempos passados.
Pierre Boisserie, Éric Stalner (2013). Voyager #06: Alfa e Omega. Editoriale Cosmo.
Um final pouco memorável para uma série que só encontrou o seu rumo no final. As histórias que neste Alfa e Omega encerram a série levam-nos à Paris do século XVII e à Lutécia romana. Em jogo está o ciclo histórico. Há representações dos viajantes no tempo em quadros a óleo e mosaicos romanos e estas são as histórias de como foram criados, bem como da presença de um gladiador romano no futuro, resgatado por um dos viajantes no tempo sobreviventes. O final é atabalhoado e desenvolvido à pressa, cobrindo os eventos que nos anos 80 fizeram nascer o futuro ditador Markcovic, o colapso civilizacional hiperliberal e um final redentor que termina com um último salto temporal onde os sobreviventes da Paris do futuro se refugiam no antigo Egipto. A decadência da série é rápida e nem o grafismo, o único ponto forte da série, se safa. O episódio na era barroca ainda conta com um traço cuidado, particularmente na representação arquitectónica, mas os restantes mostram esforços gráficos ineptos e apressados, criados com o nítido propósito de cumprir obrigações contratuais. É pena. O conceito da série prometia e o traço estava à altura, mas foi desperdiçado por um enredo centrado nas intrigas pessoais de três personagens que se arrasta ao longo de páginas de narrativa entediante.