terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Legs Weaver: Il Tempio Maledetto; Il Potere Della Mente.


Antonio Serra, Luca Enoch (1996). Legs Weaver #07: Il Tempio Maledetto. Milão: Sergio Bonelli Editore S.P.A..

Se acham que Legs tem o seu quê de dominatrix nesta capa, esperem até chegar ao miolo. Condicente com o papel de rainha do mal, Legs passa todo o álbum a passear-se em lingerie. Há um momento particularmente ridículo em que ela demonstra que para se sentir fresca no deserto não há melhor do que passear em soutien, cinto de ligas e chicote debaixo do sol ardente. O auge deste fetichismo está no recontro entre Legs e May... em que Legs em modo dominatix chicoteia a voluptuosa May, reduzida a trajes menores rendilhados. O nível de perversidade vai alto nesta aventura de Legs Weaver.

Talvez se recordem do príncipe árabe com ilusões vernianas de senhor dos ares e do mundo do segundo volume de Legs Weaver. Está de regresso, desta vez aliado a um dissoluto grupo conhecido como clube do pecado. Deitou as mãos à antiga tecnologia egípcia e prepara-se para libertar o antigo deus Seth, enterrado sob a poeira e poluição do Egipto do futuro. Resta uma descendente de Bastet com as suas múmias robóticas para o travar... e a agência Alfa, encarregue de investigar estranhos acontecimentos no museu egípcio do Cairo. Como Legs anda desaparecida em parte incerta esta missão cabe à voluptuosa May, amiga e companheira de casa da nossa heroína. E por onde anda Legs? Regressado à ribalta o príncipe árabe, que sempre teve um fascínio especial pela agente, hipnotiza-a e transforma-a numa rainha das trevas, aliada perfeita na luta pelo domínio do mundo. Nem o cruzamento fortuito entre May e Legs a arranca do controle do príncipe. Este terá de morrer às mãos do ressuscitado Seth, de vez desta vez, a menos que algum argumentista o consiga ressuscitar de esqueleto carbonizado, para que Legs se liberte do seu jugo e se concentre na tarefa impossível que é derrotar uma poderosa entidade divina egípcia, que num toque Wellsiano arrasa as armas da mais moderna tecnologia humana mas é impotente perante o ar altamente poluído do futuro.


Michele Medda, Fabio Jacomelli (1996). Legs Weaver #07: Il Potere Della Mente. Milão: Sergio Bonelli Editore S.P.A..

Legs Weaver não se distingue por ter sido uma série particularmente bem conseguida. O seu futurismo está extremamente datado e a fórmula que mistura ficção científica com aventuras e humor volta não volta tem resultados patéticos. É o caso desta aventura, centrada na caça a uma criança japonesa cujos poderes mentais a tornam na derradeira arma, cobiçada por militares e cientistas. Mas a criança apenas quer ser criança. Há uma difusa crítica desconstrutiva ao hiperfuturismo robótico do mangá, com Medda a ridicularizar os temas do género sem que se saia ele próprio muito melhor. Há um momento interessante em que Medda reconstrói uma narrativa típica do género, com crianças poderosas e robots ao estilo do anime dos anos 80, que é o único ponto alto num álbum francamente desapontador.