quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Comics: 7 Against Chaos; Astronauta - Magnetar; The Unwritten: Tommy Taylor and the Ship That Sank Twice.


Harlan Ellison, Paul Chadwick (2013). 7 Against Chaos. Nova Iorque: DC Comics.

Não conhecendo o texto original de Ellison, não me consigo pronunciar sobre a qualidade da adaptação. Em si o argumento é desconexo e ilógico e salta sem pré-aviso entre linhas narrativas e situações. A associação dos sete proscritos que formam o grupo que irá salvar a humanidade não faz qualquer sentido. Se foram indicados por super-computadores e apoiados pelo governo terrestre porque é que tem de ser salvos por operações de resgate? E este é o menor dos buracos da premissa. Quanto à ameaça que paira sobre a humanidade, sem pré-aviso é-nos revelada como advinda de uma entidade sauria com poderes místicos que depois se metamorfoseie em biólogo alienígena que pretende terraformar a Terra à imagem de lagartos.

Graficamente, apesar de Chadwick ser um nome conceituado dos comics, há muita coisa que não funciona. A composição gráfica é desastrada e apesar das visões futuristas de Chadwick terem algum encanto retro, nota-se claramente que o ilustrador está muito afastado do seu registo habitual.  resultado final é deselegante e levemente grotesco, muito aquém do expectável. Em suma, uma desilusão de livro.


Danilo Beyruth (2012). Astronauta - Magnetar. São Paulo: Pannini/MSP.

Curiosa revisitação de um personagem da galeria do brasileiro Maurício de Sousa. Graficamente o estilo que mistura realismo e expressividade está longe do habitual registo cartoon da editora. A narrativa está demasiado próxima de contos similares de Ray Bradbury e outros que se debruçam sobre as agruras de um astronauta isolado que se despenha num asteróide. Conducente com uma das normas da editora os necessários infodumps têm um forte pendor didático. Uma leitura simpática, que não se afasta muito dos padrões normais do género FC e que apresenta um grafismo interessante.


Mike Carey, Peter Gross (2013). The Unwritten: Tommy Taylor and the Ship That Sank Twice. Nova Iorque: DC Comics.

Essencialmente uma história longa para manter aceso o interesse dos leitores durante o hiato anunciado entre a primeira e segunda séries de The Unwritten. Esta graphic novel vive de duas histórias paralelas, o início da experiência genético-literária do pai de Tommy e aquela que poderia ser a primeira aventura dos livros ficcionais do jovem feiticeiro Tommy Taylor. O livro vive mais desta segunda linha que funciona como caricatura do género, com um toque do medievalismo fantasista de Wizard of Earthsea misturado com o formalismo de Harry Potter. O melhor do livro está no seu início, com Carey em modo reflexivo a mostrar-nos a profundidade da teia de influências que sustenta o género fantástico. O conto de origem vai buscar influências aos comics do Superhomem, à grande literaratura de Melville, à iconografia fantástica de Tolkien e à mitologia clássica. A lição é óbvia e repetida de forma elegante: por detrás do mais inócuo dos textos espreitam arquétipos que influenciam o escritor.