Last Son of Tomorrow: Um re-imaginar do mito de criação do icónico Super-Homem, o homem do amanhã, super-herói invulnerável, alienígena em forma humana mais poderoso que os deuses míticos, mais rápido que uma bala, voando mais alto do que um avião... Greg Van Eekhout pega na narrativa clássica de Siegel e Shuster reinventando-a com toque surreais. Neste conto o super-homem sobrevive a todas as aventuras e agruras, torna-se ditador benevolente da humanidade, e nem o passar dos milénios ou a entropia que consome o universo o afectam. Para um ser todo-poderoso resta como solução final para a melancolia o desfazer-se em partículas e espalhar-se pelo continuum espácio-temporal. Homenagem pouco subtil mas divertida ao personagem icónico dos comics que reduz ao absurdo o conceito de transcendência dos limites humanos.
A Fine Show on the Abyssal Plain: Karen Tidbeck é uma voz surpreendente recentemente chegada à ribalta da FC e Fantasia pelo olho clínico de Jeff Vandermeer. Cativa pela mistura etérea de fantasia poética e surrealismo inocente. Este conto é disso exemplo: uma trupe de actores que representa apenas histórias verdadeiras mas passadas noutros mundos que não o nosso em palcos desolados para espectadores que não dão sinal de visibilidade encontram uma audiência entusiasmada numa exploradora dos fundos submarinos cujo submersível rompeu o cabo que o liga à superfície e se afunda, lentamente, na profunda escuridão abissal.
Sing: Mais uma visão de surrealismo lírico por Karin Tidbeck. Neste conto, a autora coloca-nos num planeta colonizado onde se forma uma simbiose parasítica entre as espécies autóctones e alienígenas. Um biólogo aterra no planeta para estudar líquenes tenta perceber o mistério do cantar inaudível dos colonos. Encontra uma paixão e uma revelação deveras repelente. Tudo é contado pelo ponto de vista de uma nas habitantes, rejeitada pelos seus pares por uma deficiência específica ao ecossistema baseado no parasitismo.